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TEMPORADA DE OUTONO-INVERNO
Herchcovitch vira country pós-moderno
LOOK É INSPIRADO NA CANTORA SIOUXSIE
Influenciado por um alfaiate de Nashville, o estilista faz patchwork de referências
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Associated Press
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Aline Takashima com vestido de couro stretch, amazona da M.Officer, com Carlinhos Brown |
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Começou anteontem a São
Paulo Fashion Week, o evento que lança 24 coleções para o
outono-inverno 2001 na cidade,
até o dia 5 de fevereiro, no parque
Ibirapuera (zona sudoeste de São
Paulo). M.Officer e Alexandre
Herchcovitch fizeram os desfiles
mais expressivos.
Herchcovitch investiu novamente no caminho dos materiais
tecnológicos, remixando um espírito country de maneira pós-moderna, criativamente desdobrando seus elementos. A referência é
o trabalho do alfaiate norte-americano Nudie Cohen, que, na
Nashville dos anos 40, assinava o
figurino de todos os cantores
country. Dele pegou a estrutura
da alfaiataria e os bordados.
Assim, sapatos, botas, camisas,
estampas e padrões fizeram de
suas modelos vaqueiras punks,
com franjas gigantes sobre os
olhos -tapar o rosto das meninas é marca registrada do estilista.
O pink e o fúchsia serviam de
cama para o exercício criativo de
Herchcovitch, em diferentes camadas de tecidos e texturas, de
décadas e referências. Anos 40
nos ombros; 50 nos vestidos cinturados com saia botijão; 60 nos
botões; 70 no lurex; 80 no make
Siouxsie Sioux apareceram na coleção de Herchcovitch como perfume borrifado. A meia soquete,
por exemplo, veio com legging de
látex grafite, um novo uso para o
material com que já trabalha há
anos, aqui com meia soquete fluo.
É o estilo overdressed.
O legging também veio em vinil
preto ou vermelho sangue, sob
mantôs de lã com grandes botões,
que podiam também ganhar franjas de plástico refletivo verde, desenhando as camisas do estilo
cowboy característico.
A atitude, entretanto, é rock, reforçada pela trilha. As botas de
cowboy, com salto quadrado, ganharam leituras variadas, em verde no início, bicolores depois, até
acompanhar finalmente a explosão de cores (marrom, preto, bege, rosa) do final.
Os paetês refletivos voltaram,
em laranja, no vestido de manga
raglan com polaina de franja e no
tank de paetê verde.
O refletivo foi cortado em pontas e virou um vestido furta-cor,
em Katia Regina, e depois no top
de Caroline Ribeiro.
Sem dúvida, o caminho da tecnologia vale a pena, ainda mais
agora que Herchcovitch foi apontado pela nata da imprensa internacional como um dos criadores
que trabalha melhor com materiais diferenciados (a revista "Vogue" América o colocou ao lado
do japonês Junya Watanabe).
Outro caminho foi o dos vestidos, apresentados pela blusa desconstruída que parecia estar ao
contrário, com falsa pala. Depois,
um patchwork de recorte das camisas de rodeio com foulard falso, em rosa, lilás, cinza e bege. Estampas em rosa e marrom esquentam o inverno de Herchcovitch, em malha de lã, e a saia reta
ganha volume e franjas, enquanto
o acordeão da trilha aumenta.
Entram os macacões em lã rosa-choque, meio motoqueiro, meio
80, até os listrados em preto-e-branco, em saias e calças. A sensação é caleidoscópica, e a vertigem
se completa pela calça de plástico
refletivo verde picotada, em corte
vaqueiro e suéter vovó em pink e
preto. Tecnologia e manufatura
conjugam até a alfaiataria requintada do costume de lã rosa com
dourado, com microcasaca. Sandra Steuer encerra o desfile com
um vestido que mistura cristais,
tela, vinil e musseline drapeada,
confundindo o olhar, numa opulência de cores.
A Ellus encerrou a noite com
um desfile confuso, bem diferente
da prévia de inverno da inauguração de sua loja nova. Foi pena.
Perdeu-se num excesso de looks a
tendência preppy (escolar) tão
bem mostrada no jeanswear, em
que também ficaram de fora os
rasgados, a cintura baixa e as
saias, restando somente o excelente trench-coat e os casacos
transpassados, em lavagem correta e moderna.
Bem que a mistura das cores
"cafonas" (roxo, vermelho, verde) e o polêmico scarpin prata até
ensaiou uma inovação, que se
perdeu depois em formas disparatadas e materiais pouco nobres.
O styling também não ajudou, a
maquiagem tombou, e o cabelo
pin-up também não segurou até o
fim. A iluminação, que privilegiava um vídeo ao fundo, tornou a
passarela irregular (essa também
poderia ser mais caprichada).
Por fim, impossível não mencionar o drama em que se transformou um problema de acabamento: os sapatos caíam dos pés
das modelos e, por alguns instantes, todo o público deixou de ver
as roupas para ver as meninas
perdendo o scarpin e chutando
outros pela passarela.
Alexandre Herchcovitch:
Ellus:
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