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MUNDO DE BACO
Argentinos ocupam prateleiras nacionais
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Escassos nas prateleiras do
país alguns anos atrás, os vinhos argentinos continuam aumentando sem parar a sua presença no Brasil.
O primeiro aporte do ano ao
elenco platino corre por conta da
estréia da Viniterra, uma jovem
adega de Luján de Cuyo, uma das
importantes áreas de vinhos finos
da província de Mendoza, coração vinícola da Argentina.
A adega, dirigida pelo enólogo
Walter Bressia, um profissional
com cerca de 20 anos de experiência na Nieto y Senetiner, uma tradicional vinícola Argentina, comercializa cerca de 1 milhão de
garrafas de vinho por ano.
Omnium é o rótulo dos vinhos
básicos, Terra, o dos intermediários, e Viniterra, a dos vinhos topo
de linha da casa (a "bodega"
anunciou também uma quarta
marca, a Viniterra Collection,
destinada a ser o novo carro-chefe
da firma, que ainda não está disponível).
Os Omnium são vinhos leves e
frutados. Entre eles, impressionaram bem o chardonnay, safra
2000 (corpo médio, sabor que
lembra maçãs e frutas tropicais), e
o cabernet sauvignon 99, de paladar frutado (cassis) com toques
de pimentão e especiarias e taninos redondos.
Outro bom tinto é o Terra Cabernet-Syrah 99, um pouco tânico
ainda, mas que mostra boa complexidade tanto no aroma como
no sabor (frutas vermelhas, chá,
folhas secas).
Entre os Viniterra, goles de ponta desta primeira leva, há também
bons exemplares. Na ala dos
brancos, o chardonnay 99 mostra
um bom casamento entre fruta
(carambola madura, maçã) e madeira (fumo, torrefação), bom
corpo e equilíbrio.
No departamento dos rubros, o
cabernet sauvignon 98 tem aroma
potente (ameixas pretas, couro,
tabaco) e, na boca, mostra boa
textura dada por taninos macios
(ponto aqui para o "winemaker"
Bressia, já que os vinhos argentinos dessa variedade tendem a ser,
em geral, um pouco rascantes). O
malbec, outro 98, tem igualmente
perfume intenso (frutas vermelhas, baunilha, especiaria) e paladar persistente (e, como o cabernet, acidez um pouco acima, fruto
talvez da safra difícil pelas chuvas
naquelas bandas).
Integram também o primeiro
desembarque dois espumantes
Terra (ambos safra 99), um branco, corte de pinot noir e chardonnay (de paladar cremoso, agradável, com toques de frutas tropicais), e um tinto, de uvas malbec.
Este último (um bom vinho, dentro da sua proposta) sofre a síndrome dos rubros borbulhantes.
Resfriados, como devem ser servidos os espumantes, os tintos
não funcionam (os taninos ficam
mais evidentes, tornando a bebida áspera) e as borbulhas não colaboram em nada com o resultado final.
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