São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2001

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MUNDO DE BACO

Argentinos ocupam prateleiras nacionais

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Escassos nas prateleiras do país alguns anos atrás, os vinhos argentinos continuam aumentando sem parar a sua presença no Brasil.
O primeiro aporte do ano ao elenco platino corre por conta da estréia da Viniterra, uma jovem adega de Luján de Cuyo, uma das importantes áreas de vinhos finos da província de Mendoza, coração vinícola da Argentina.
A adega, dirigida pelo enólogo Walter Bressia, um profissional com cerca de 20 anos de experiência na Nieto y Senetiner, uma tradicional vinícola Argentina, comercializa cerca de 1 milhão de garrafas de vinho por ano.
Omnium é o rótulo dos vinhos básicos, Terra, o dos intermediários, e Viniterra, a dos vinhos topo de linha da casa (a "bodega" anunciou também uma quarta marca, a Viniterra Collection, destinada a ser o novo carro-chefe da firma, que ainda não está disponível).
Os Omnium são vinhos leves e frutados. Entre eles, impressionaram bem o chardonnay, safra 2000 (corpo médio, sabor que lembra maçãs e frutas tropicais), e o cabernet sauvignon 99, de paladar frutado (cassis) com toques de pimentão e especiarias e taninos redondos.
Outro bom tinto é o Terra Cabernet-Syrah 99, um pouco tânico ainda, mas que mostra boa complexidade tanto no aroma como no sabor (frutas vermelhas, chá, folhas secas).
Entre os Viniterra, goles de ponta desta primeira leva, há também bons exemplares. Na ala dos brancos, o chardonnay 99 mostra um bom casamento entre fruta (carambola madura, maçã) e madeira (fumo, torrefação), bom corpo e equilíbrio.
No departamento dos rubros, o cabernet sauvignon 98 tem aroma potente (ameixas pretas, couro, tabaco) e, na boca, mostra boa textura dada por taninos macios (ponto aqui para o "winemaker" Bressia, já que os vinhos argentinos dessa variedade tendem a ser, em geral, um pouco rascantes). O malbec, outro 98, tem igualmente perfume intenso (frutas vermelhas, baunilha, especiaria) e paladar persistente (e, como o cabernet, acidez um pouco acima, fruto talvez da safra difícil pelas chuvas naquelas bandas).
Integram também o primeiro desembarque dois espumantes Terra (ambos safra 99), um branco, corte de pinot noir e chardonnay (de paladar cremoso, agradável, com toques de frutas tropicais), e um tinto, de uvas malbec. Este último (um bom vinho, dentro da sua proposta) sofre a síndrome dos rubros borbulhantes. Resfriados, como devem ser servidos os espumantes, os tintos não funcionam (os taninos ficam mais evidentes, tornando a bebida áspera) e as borbulhas não colaboram em nada com o resultado final.


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