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LITERATURA
Autores estrangeiros, como a chinesa Wei Hui, o paquistanês Tariq Ali e o afegão Atiq Rahimi, estão confirmados
Oriente toma conta da Bienal do Livro de SP
ROGÉRIO EDUARDO ALVES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A julgar pelos convidados estrangeiros com presença confirmada na 17ª Bienal Internacional
do Livro de São Paulo, não serão
suficientes corredores, a cidade
precisará de trincheiras. Personagens da nova ordem mundial, os
autores chegam para o evento que
começa dia 25 de abril armados
com idéias e experiências vividas
no centro das atenções contemporâneas, o Oriente.
Um deles é a chinesa Wei Hui,
que teve seu "Shangai Baby" banido do país e 40 mil cópias do romance queimadas em praça pública em abril de 2000. O livro, que
será lançado pela editora Globo,
conta a vida de Coco, uma jovem
chinesa de 25 anos que frequenta
o submundo de Xangai.
Outro é Tariq Ali, autor do recém-lançado "A Mulher de Pedra", em que aborda a decadência
do Império Otomano de um ponto de vista feminino. Aqui, o paquistanês apresenta "Confronto
de Fundamentalismos" (Record).
O livro é um dos raros momentos de não-ficção deste autor, em
que analisa as consequências do
embate entre islamismo e imperialismo norte-americano após os
atentados de 11 de setembro.
Do Afeganistão, vêm a história
de "Terra e Cinzas" (Estação Liberdade) e seu autor, exilado em
Paris desde 1984, Atiq Rahimi.
Mas o evento deve mesmo esquentar com o francês Michel
Houellebecq e seu recente "A Plataforma" (Record). A história,
que tem como protagonista um
turista sexual francês, ocupou páginas da mídia mundial quando
foi lançada no ano passado. Seu
segredo já estava esboçado no livro anterior, "Partículas Elementares" (Sulina): a polêmica.
Depois de ir contra os ícones da
contracultura dos anos 60, Houellebecq agora ataca o islamismo,
entre outras coisas. "O Islã é a religião mais estúpida que há", declarou em entrevista ao site Lire. Fez
amigos e inimigos com suas
idéias e virou astro pop na França.
Longe dos holofotes populares,
o filósofo francês Jean Baudrillard
traz "A Troca Impossível" (Nova
Fronteira), em que propõe uma
leitura diferente do embate entre
o racional e a incerteza.
Visitam ainda o Brasil, a iraniana radicada nos EUA Gina Nahai,
autora de "Moonlight on the Avenue of Faith" e "Cry of the Peacock", e o escritor italiano Andrea
de Carlo, sucesso entre o público
jovem, autor de "Trem de Nata"
(Berlendis & Vertecchia).
Sem a presença do autor, o
grande destaque da Bienal no gênero pop é mesmo o esperado e
aclamado pela mídia "How to Be
Good" (Rocco), de Nick Hornby.
Esta é a quarta obra do britânico
que já teve o seu "Alta Fidelidade"
adaptado para as telas. Seu lançamento em Londres, no ano passado, teve ar de ritual, com direito a
leitura de trechos do livro pelo escritor no altar de uma igreja.
Embora a programação ainda
não esteja definida para os autores nacionais, a organização da
Bienal já confirmou a presença,
entre outros, de Marcelo Rubens
Paiva, articulista da Folha, e de
Fernando Bonassi, Marilene Felinto e Marcelo Coelho, todos colunistas da Folha. Eles devem estar no Salão de Idéias, espaço de
encontro entre autores e público.
A Bienal prepara ainda eventos
em comemoração dos 120 anos de
Monteiro Lobato e dos centenários de Carlos Drummond de Andrade e de Cecília Meireles.
17ª BIENAL INTERNACIONAL DO
LIVRO - onde: Centro de Exposições
Imigrantes (rodovia dos Imigrantes, km
1,5, Água Funda, São Paulo). Quando: de
25/4 a 5/5 (das 10h às 22h). Quanto: R$ 6.
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