São Paulo, sábado, 02 de março de 2002

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LITERATURA

Autores estrangeiros, como a chinesa Wei Hui, o paquistanês Tariq Ali e o afegão Atiq Rahimi, estão confirmados

Oriente toma conta da Bienal do Livro de SP

ROGÉRIO EDUARDO ALVES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A julgar pelos convidados estrangeiros com presença confirmada na 17ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, não serão suficientes corredores, a cidade precisará de trincheiras. Personagens da nova ordem mundial, os autores chegam para o evento que começa dia 25 de abril armados com idéias e experiências vividas no centro das atenções contemporâneas, o Oriente.
Um deles é a chinesa Wei Hui, que teve seu "Shangai Baby" banido do país e 40 mil cópias do romance queimadas em praça pública em abril de 2000. O livro, que será lançado pela editora Globo, conta a vida de Coco, uma jovem chinesa de 25 anos que frequenta o submundo de Xangai.
Outro é Tariq Ali, autor do recém-lançado "A Mulher de Pedra", em que aborda a decadência do Império Otomano de um ponto de vista feminino. Aqui, o paquistanês apresenta "Confronto de Fundamentalismos" (Record).
O livro é um dos raros momentos de não-ficção deste autor, em que analisa as consequências do embate entre islamismo e imperialismo norte-americano após os atentados de 11 de setembro.
Do Afeganistão, vêm a história de "Terra e Cinzas" (Estação Liberdade) e seu autor, exilado em Paris desde 1984, Atiq Rahimi.
Mas o evento deve mesmo esquentar com o francês Michel Houellebecq e seu recente "A Plataforma" (Record). A história, que tem como protagonista um turista sexual francês, ocupou páginas da mídia mundial quando foi lançada no ano passado. Seu segredo já estava esboçado no livro anterior, "Partículas Elementares" (Sulina): a polêmica.
Depois de ir contra os ícones da contracultura dos anos 60, Houellebecq agora ataca o islamismo, entre outras coisas. "O Islã é a religião mais estúpida que há", declarou em entrevista ao site Lire. Fez amigos e inimigos com suas idéias e virou astro pop na França.
Longe dos holofotes populares, o filósofo francês Jean Baudrillard traz "A Troca Impossível" (Nova Fronteira), em que propõe uma leitura diferente do embate entre o racional e a incerteza.
Visitam ainda o Brasil, a iraniana radicada nos EUA Gina Nahai, autora de "Moonlight on the Avenue of Faith" e "Cry of the Peacock", e o escritor italiano Andrea de Carlo, sucesso entre o público jovem, autor de "Trem de Nata" (Berlendis & Vertecchia).
Sem a presença do autor, o grande destaque da Bienal no gênero pop é mesmo o esperado e aclamado pela mídia "How to Be Good" (Rocco), de Nick Hornby. Esta é a quarta obra do britânico que já teve o seu "Alta Fidelidade" adaptado para as telas. Seu lançamento em Londres, no ano passado, teve ar de ritual, com direito a leitura de trechos do livro pelo escritor no altar de uma igreja.
Embora a programação ainda não esteja definida para os autores nacionais, a organização da Bienal já confirmou a presença, entre outros, de Marcelo Rubens Paiva, articulista da Folha, e de Fernando Bonassi, Marilene Felinto e Marcelo Coelho, todos colunistas da Folha. Eles devem estar no Salão de Idéias, espaço de encontro entre autores e público.
A Bienal prepara ainda eventos em comemoração dos 120 anos de Monteiro Lobato e dos centenários de Carlos Drummond de Andrade e de Cecília Meireles.


17ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO - onde: Centro de Exposições Imigrantes (rodovia dos Imigrantes, km 1,5, Água Funda, São Paulo). Quando: de 25/4 a 5/5 (das 10h às 22h). Quanto: R$ 6.



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