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TEATRO
Texto de Patrícia Melo é inspirado em notícia de jornal; Carolina Ferraz encabeça elenco da montagem que estréia hoje
Entre dilemas morais, "O Rim" ri da ética
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A romancista Patrícia Melo leu
num jornal brasileiro a história da
moça que doou o rim para o noivo, e este, depois, a abandonou.
Em "O Rim", sua terceira experiência autoral no teatro -ela já
havia feito adaptações-, Melo
resvala em questões da moral e da
ética, inclusive a amorosa. Mas o
tom que prevalece é o da comédia,
como afirma a atriz Carolina Ferraz, também produtora da montagem que estreou no Rio em
maio de 2005 e inicia temporada
em São Paulo a partir de amanhã,
no Teatro Folha.
"A gente trabalhou o tempo todo com a ambigüidade: se a minha personagem, Rosário, viveu
realmente aquela história ou se
tudo não passou de fantasia dela",
diz Ferraz, 36.
Enredo
Rosário é apresentada como
uma mulher que lê o mundo com
olhos românticos. Funcionária da
Biblioteca Nacional, no Rio, trata
os livros qual filho ou amante que
não tem. Ao final do expediente,
ela surrupia alguns volumes em
nome da "caridade" (e da cleptomania). Alega limpar, encapar, levar para tomar sol. Quanto a ler os
livros, aí são outros quinhentos.
O enredo se concentra na família de Rosário, no qüiproquó que
se arma. Seu irmão, Carlos (Bruce
Gomlevsky), é diretor teatral e sonha montar um espetáculo musical em grande estilo. Certo dia, ele
é atropelado por um milionário,
Augusto (Eduardo Reyes). O acidente não é grave. Carlos engessa
as pernas. Tenta paquerar o motorista, milionário e boa pinta,
mas é a irmã quem consegue o
noivado. Não demora, e Augusto
revela que precisa desesperadamente de um novo rim.
Carlos vê na doação do órgão a
chance de levantar dinheiro para
o musical dos sonhos. Rosário
agradece ao irmão por salvar o futuro marido. E a mãe deles, Dora
(Ivone Hoffman), dá a família por
abençoada. Até a virada de jogo.
"A peça transita por esse universo absurdo e atinge uma comunicabilidade incrível com a
platéia", diz Carolina Ferraz. Segundo a atriz, o diretor Elias Andreato, com quem trabalha pela
primeira vez, opta por "um caminho simples, baseado no ator e na
palavra".
Ferraz é amiga de Patrícia Melo
desde a adolescência. Era cotada
para fazer "Duas Mulheres e Um
Cadáver", a primeira peça da autora (de 2000, com Fernanda Torres e Débora Bloch), mas não conseguiu participar devido a outros
compromissos. Feraz, que já foi
dirigida por Denise Stoklos ("Selvagem como o Vento", 2000) e
agora flerta com a comédia, afirma que sua aventura teatral seguirá. Ela comprou os direitos autorais de "Velhos Tempos", de Harold Pinter, e quer atuar em 2007
naquele drama que pede fígado.
O Rim
Onde: Teatro Folha - shopping Pátio
Higienópolis (av. Higienópolis, 618, piso
2, tel.: 0/xx/11/3823-2323)
Quando: estréia amanhã, às 21h30; sex.,
às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 19h30.
Até 30/4
Quanto: R$ 40 a R$ 50 (sáb.)
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