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Bastidor explica sucesso do "BBB"
Em páginas pessoais, fãs divulgam notícias do programa; especialistas dizem que o reality difundiu o uso da internet
Blogueiros fazem comentários simultâneos à exibição na TV; sites piratas exibem imagens exclusivas do pay-per-view da atração
DA FOLHA ONLINE
O interesse em massa pelo
"Big Brother" é um fenômeno
pouco compreendido.
José Guilherme Magnani,
professor de antropologia da
USP (Universidade de São Paulo), acredita que a chave para
entender o fenômeno está na
abertura dos bastidores da "celebrização" de gente comum.
"É um fenômeno criado pela
mídia, do culto pela celebridade, de pessoas que se tornam
celebridades. É a passagem entre dois mundos. Isso aliado ao
"eu também poderia ser uma
delas'", analisa Magnani.
A atração das pessoas por notícias sobre os participantes fica clara com enorme procura
sobre o "Big Brother" em fontes "não oficiais". Blogs de gente comum se consolidam e são
ponto de encontro de fãs.
"Na internet, as pessoas se
mobilizam para cuidar da prova do líder, por exemplo", cita
Susan Mello, que mantém o
blog "De Cara para a Lua" como
um hobby. A média de acessos é
de 45 mil pessoas por dia.
A mobilização em torno do
programa chegou ao ponto de
um comerciante oferecer R$ 50
mil em dinheiro, por meio de
um blog, para quem ajudasse a
eliminar o participante Marcelo Dourado do programa.
"O que está acontecendo é
que quase acidentalmente o
"Big Brother" acaba ensinando
para muita gente o beabá do
uso da rede como mídia", observa Ronaldo Lemos, colunista de internet do Folhateen.
"Ele ensina a usar ferramentas de mobilização on-line, como o Twitter, e como falar com
outras pessoas de forma eficaz,
a produzir mensagens de efeito
viral e até princípios básicos de
crítica", afirma Lemos.
"Resta saber se essas lições
aprendidas e exercitadas vão
depois ser utilizadas para outros assuntos, inclusive de interesse público. Acho que as eleições vão ser um teste importante", lembra Lemos.
Susan já planeja direcionar o
"De Cara para a Lua" para a cobertura da eleição presidencial.
Os blogueiros agregaram um
novo serviço à cobertura, o "live blogging". São comentários
simultâneos durante o programa na TV aberta. Funciona como uma mesa-redonda em que
vários "especialistas" postam
mensagens curtas sobre o que
rola na televisão.
Já os sites piratas que exibem em "streaming", transmitido ao vivo, o conteúdo do pay-per-view abrem possibilidade
de diálogo entre os espectadores, há uma janela de vídeo e
outra de bate-papo. A Globo já
se pronunciou contra os piratas e briga para tirá-los do ar.
No site oficial do programa,
os assinantes têm direito a assistir em tempo real sete câmeras. O diálogo entre os espectadores da atração existe através
de um "microblog".
Segundo Ana Bueno, responsável pelo site do "BBB", há
uma "leve moderação".
"O filtro é só para preservar o
público, há várias mensagens
criticando o programa", diz.
"Já deixamos de ser multimídias, somos mais moderninhos, podemos ser considerados o primeiro produto transmídia do Brasil", afirma J.B.
Oliveira, o Boninho, responsável pelo "BBB". O diretor, que
se tornou "twitteiro" voraz,
não está pecando por falta de
modéstia.
(TEREZA NOVAES)
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