São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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Ciclo exibirá filmes inéditos

de Paris

Um ciclo de cinema brasileiro, que acontecerá de 20 a 31 de março, pretende retomar o tema da adaptação literária para o cinema no Brasil. A retrospectiva Écriture en 24 Images (Escrita em 24 Imagens) vai trazer obras inéditas na França, como "A Ostra e o Vento", de Walter Lima Jr., "Miramar", de Julio Bressane, e "Quem Matou Pixote?", de José Joffily.
Ao todo, serão 15 filmes brasileiros, trazidos pelas sócias Kátia Adler e Paula Vandenbussche. Haverá também clássicos como "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Bruno Barreto, e "Ópera do Malandro", de Ruy Guerra.
A mostra pretende homenagear Joaquim Pedro de Andrade, mas, por enquanto, Adler e Vandenbussche conseguiram apenas um filme do cineasta: "Macunaíma".
O diretor Nelson Pereira dos Santos, convidado de honra do ciclo, virá especialmente para a ocasião. E Walter Lima Jr. assitirá à projeção de "A Ostra e o Vento".
Orixás e misticismo
Em maio, os franceses vão poder conhecer um pouco da cultura dos principais Orixás do Brasil.
"Les Orixás des Pieds à la Tête" ("Os Orixás dos Pés à Cabeça") é uma instalação assinada pela artista plástica Déborah Chaves, que será montada na Galerie Victoria.
O espectador compra um ingresso dividido em sete partes. Para cada dia da semana, haverá uma apresentação diferente, com duração de 20 minutos, sobre o orixá que rege o dia.
"Nosso interesse é mostrar isso tudo como raiz profunda da cultura brasileira", afirma a atriz e diretora Neusa Thomasi, que ajudou a montar a peça.
"Os franceses se interessam por essa cultura, do candomblé, misticismo", disse Thomasi.
Teatro brasileiro
Uma montagem de "Anjo Negro", de Nelson Rodrigues, deve estrear em Paris até o fim do ano. A versão francesa, "Enjeu Noir", é assinada por Thomasi, que mora na França desde que veio apresentar a peça "Macunaíma", de Mário de Andrade, com a trupe de Antunes Filho.
Thomasi fez uma criação sobre a obra de Rodrigues: "Transformei todo o texto em imagem e movimento, o que Nelson Rodrigues diz em palavras eu conto por meio de projeções, cor, luz e som", afirma. Desse modo, "Enjeu Noir" transformou-se, segundo a atriz, em uma tragédia musical. (MC)


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