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DEBATE
Evento discute relação entre TV e história
DA REPORTAGEM LOCAL
A relação entre a televisão e a
história foi o tema de debate que
aconteceu anteontem na Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Além de professores da USP,
participaram do encontro, batizado de "Televisão Faz Bem para a
Memória", Maria Adelaide Amaral, autora da minissérie "A Casa
das Sete Mulheres", que aborda a
Revolução Farroupilha, e Denise
Saraceni, diretora de "A Muralha"
(2000), sobre a formação de SP.
Elias Thomé Saliba, professor
do Departamento de História da
USP, afirmou que é "inútil" apontar falhas históricas nas minisséries. "É preciso tirar a discussão sobre teledramaturgia do terreno
das evidências, mesmo porque a própria história é um conhecimento conflituoso."
Ele disse, no entanto, que o roteiro tem de respeitar dados históricos mínimos, como datas, cenários e personagens.
Maria Adelaide afirmou que se preocupou muito quando precisou alterar algum fato histórico em "A Casa". "Sempre fiz mudanças com cuidado, evitando prejudicar a essência da histórica."
Ela disse ainda que a atual crise
pela qual passa a televisão "pode
originar aquela frase equivocada
de que o público quer merda". "O
público não quer merda", continuou. "Não é verdade que os "ratinhos" e "big brothers" da vida sejam um padrão a ser seguido."
Afirmou que acha "um verdadeiro milagre" que, nesse contexto de dificuldade orçamentárias, ela tenha conseguido levar ao ar
as minisséries históricas "A Casa"
e "A Muralha", sobre a formação
de SP. "São produções caras."
Outro "milagre", para ela, é a
boa audiência das séries, exibidas
por volta da meia-noite. "Ver televisão nesse horário é um ato heróico do telespectador. Isso só
mostra que as pessoas são ávidas
para conhecer sua história."
Saraceni disse que, em sua avaliação, a Globo iniciou a produção
de minisséries "na tentativa de
conquistar a intelectualidade brasileira". "As novelas sempre foram produtos de massa. As séries, ao adaptar obras literárias, poderiam conquistar outro público."
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