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MÚSICA/LANÇAMENTO
"NIGHTFREAK AND THE SONS OF BECKER"
Jovem e prolífico sexteto britânico lança seu terceiro álbum em três anos
The Coral mistura tudo e alcança som inclassificável
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Se os caras do Coral tivessem
que "bater cartão" na gravadora,
já estariam com um monte de horas extras para reivindicar.
O grupo, formado por seis jovens entre 20 e 23 anos de Liverpool, acaba de lançar o terceiro
disco -menos de um ano após
"Magic and Medicine", o segundo; o primeiro álbum, homônimo, é do "longínquo" 2002.
"Nightfreak and the Sons of Becker", diz a banda, foi gravado
em apenas uma semana. Nos
EUA, como o segundo disco saiu
atrasado, os dois foram lançados
juntos, num pacote.
Três álbuns em três anos era
coisa normal nos anos 60 e 70,
mas hoje, quando as bandas raramente conseguem fugir do círculo disco-turnê-férias (que leva por
baixo uns dois anos), é coisa que
chama a atenção.
"Eu gostaria de não ter feito nenhum show na época de "Magic
and Medicine'", disse James
Skelly, vocalista do grupo, em entrevista ao jornal britânico "Independent". "Para ser sincero, não
gosto muito de tocar ao vivo. Outro dia vi uma apresentação nossa
na TV e, se eu não soubesse que
éramos nós, teria dormido."
Sorte de Skelly que a fama do
sexteto não aconteceu exclusivamente por causa de seus shows.
Ao mesmo tempo que pode ser
comparado a quase tudo -rock
psicodélico dos anos 60, trilhas
sonoras, Beatles, Oasis, Pink
Floyd-, o som do Coral, desde o
primeiro disco, não se atém a nenhum rótulo convencional.
A estranheza é característica
inerente ao grupo. "The Coral",
quando surgiu, gerou comparações ao esquisito Captain Beef
heart. "Magic and Medicine" chamava para perto tanto Echo & the
Bunnymen quanto Bob Dylan e
The Fall -e chegou perto do topo
da parada britânica. "Nightfreak..." segue na mesma linha.
Ambição
"O entretenimento hoje é movido apenas pela ambição. Você pode ser ambicioso em querer criar
um grande álbum ou se tornar
um ótimo jogador de futebol, mas
não tenha a ambição de ser apenas famoso", afirmou Skelly ao
jornal britânico. É o mundo anticelebridade do Coral, ilustrado
até na capa do CD -uma imagem desfocada de alguém vestindo uma máscara de urso.
As canções de "Nightfreak and
the Sons..." escapam do formato
"pop radiofônico". Não há nenhum "hit", nenhuma música de
refrão fácil ou melodia ortodoxa,
mas nem por isso deixa de ser menos prazeroso. "Venom Cable",
que já foi tocada até na pista de
clubes europeus, é cativante;
"Auntie's Operation" e "Migraine" podem ser encaixadas como
"rock"; "Sorrow or the Song" é
bonita e "Lovers Paradise" tem
certo charme rockabilly-anos 50.
Detalhe: o Becker do título do
álbum é aquele Becker. O Boris. O
tenista.
NIGHTFREAK AND THE SONS OF
BECKER. Artista: The Coral. Lançamento:
Sony. Quanto: R$ 30, em média.
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