São Paulo, sábado, 02 de abril de 2011 |
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Peitando os clássicos Livros de Tolstói , Joyce e Proust ganham novas traduções e mostram os dilemas entre ser fiel ou não ao original MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO O leitor que nos próximos anos vier a ler as novas edições de "Guerra e Paz", "Ulysses" e "Em Busca do Tempo Perdido" encontrará, renovados, três monumentos da literatura mundial. Provavelmente, contudo, pouco ou nada saberá da etapa anterior que tornou possível a leitura: o trabalho dos tradutores que verteram as obras para o português. "Guerra e Paz", do russo Liev Tolstói (1828-1910), será lançado pela Cosac Naify no segundo semestre deste ano. Já "Ulysses", do irlandês James Joyce (1882-1941), e o primeiro livro da série "Em Busca do Tempo Perdido", do francês Marcel Proust (1871-1922), saem pela Companhia das Letras em 2012. O primeiro forma um imenso painel sobre a Rússia entre 1805 e 1820, no período marcado pelas invasões napoleônicas, enquanto os dois últimos são os dois romances mais influentes do século 20. São livros de peso, e não apenas na qualidade. "Em Busca do Tempo Perdido" é composto por sete volumes. O "Ulysses" terá perto de 900 páginas e edições antigas de "Guerra e Paz" passam das 1.200. Diante de tamanha relevância cultural, é como "minha pequenininha tradução do principal livro do século 20" que Caetano Galindo, 37, professor da Universidade Federal do Paraná, refere-se a sua versão de Joyce. A batalha de Galindo começou em 2002, quando iniciou a tradução de "Ulysses". Quatro anos depois a missão estava concluída, mas outra tradução do livro, lançada em 2005, adiou seus planos de publicação. Voltou ao trabalho no ano passado, mas julga que a espera foi um ganho. "Amadureci, aprendi mais sobre o livro. Ganhei repertório e a presença do Britto." Britto é o também tradutor Paulo Henriques Britto, que tem ajudado na revisão do livro e assumiu o posto de "coordenador editorial". "Ulysses" deve sair em janeiro. O livro tem 18 episódios e Galindo está revisando agora o de número 16. Para facilitar a cooperação à distância (Galindo mora em Curitiba e Britto no Rio), eles mantêm um padrão. Depois de reler cada parte, Galindo envia o material para Britto, que então sugere novas ideias. Depois eles conversam por Skype para esclarecer as dúvidas. Ambos garantem que nunca houve grandes discordâncias, o que é ainda mais impressionante quando se trata de um dos livros mais complexos da literatura. Publicado em 1922, "Ulysses" tornou-se célebre por empregar inúmeras técnicas literárias, como o monólogo interior dos personagens, que levaram a rupturas na sintaxe e na pontuação. "É muito difícil, quase que uma pedra no caminho a cada página", diz Britto. Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Não ousar é ser infiel ao livro, diz Galindo Índice | Comunicar Erros |
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