São Paulo, Sexta-feira, 02 de Abril de 1999
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Semana Santa das Artes


O ano esquenta com a abertura de várias mostras de prestígio em São Paulo a partir de segunda-feira


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Graças a Deus! O ano vai começar para as artes plásticas. Ao contrário dos anos anteriores, que, como é de praxe no país, começaram depois do Carnaval, este ano foi preciso esperar até a Páscoa para que o circuito desse as caras.
A partir de segunda-feira, logo depois do feriado prolongado, algumas das principais mostras do ano serão inauguradas na capital paulista. A ênfase fica por conta da mostra do escultor francês César (1921-1998), que o MuBE (Museu Brasileiro de Escultura) inaugura logo na segunda. Trata-se de uma retrospectiva da carreira do artista, com 108 peças produzidas entre 54 e 92 e provenientes dos mais importantes museus do mundo.
César ganhou notoriedade nos anos 60 como um dos expoentes do "Nouveau Réalisme", movimento que propunha uma volta ao figurativismo, uma nova relação com o cotidiano e a sua absorção pela arte. Ele já esteve no Brasil, em 1967, para a 9ª Bienal. Acabou gostando do país e aqui permaneceu durante meses.
A realização do evento vem reiterar o cacife do MuBE, que, mesmo em período de vacas magras, conseguiu segurar um patrocinador exclusivo: a Volkswagen.
No dia seguinte, o Itaú Cultural, que se autopatrocina, inaugura a primeira mostra de seu eixo curatorial de 99, dedicado à discussão do cotidiano. A mostra "O Objeto, Anos 90", curada por Lisette Lagnado, pretende discutir visões de cotidiano do final de milênio a partir de obras inéditas de 12 artistas.
Lagnado, porém, não se preocupou em selecionar obras que trabalhassem com objetos do cotidiano, mas com "olhares", tanto que uma boa parte dos trabalhos é em fotografia e remete às imagens ou situações do cotidiano, como nas obras de Alexandra Pescuma, Rubens Azevedo e Cristiano Rennó.
A mostra traz ainda objetos artísticos criados por Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), artista e lunático que abdicou do "mundo real" e passou a idealizar um outro.
Bispo do Rosário é a menina dos olhos da curadora e também é o artista escolhido por ela para a mostra "Por Que Duchamp?", que abre na quarta-feira, no Paço das Artes, na Universidade de São Paulo.
Nela, dez curadores selecionaram dez artistas que desenvolvem os conceitos pioneiros de Marcel Duchamp, como o de incorporar objetos do cotidiano à obra de arte. Stella Teixeira de Barros, por exemplo, selecionou Nuno Ramos. Tadeu Chiarelli ficou com Waltercio Caldas. Maria Alice Milliet optou por Carmela Gross.
E como toda Semana Santa que se preze, esta das artes também termina perto de Deus, na Capela do Morumbi, onde o artista plástico (e monge) Carlos Eduardo Uchôa inaugura sua instalação "Infinitos", no sábado, dia 10.


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