|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIDA BANDIDA
Martírio
VOLTAIRE DE SOUZA
Tempo de Páscoa. Jálber
estava feliz. Morava no interior de Goiás. E ia participar
como protagonista numa
encenação da Paixão de
Cristo. Ele se olhava no espelho. "Tenho um corpo
nota dez." No ensaio, apareceu de sunga prateada. "Aí,
gente." O pedido era explícito. "Me batam. Me furem.
Me crucifiquem. Quero prego de verdade." O padre
acabou achando aquela excitação uma indecência. Expulsou Jálber da cerimônia.
Jálber se consola comendo
chocolate. Não respondeu
aos recados do farmacêutico que se dizia centurião romano. Entre a fé e a fantasia, nem toda alma sabe escolher.
Texto Anterior: Joyce Pascowitch Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: História da baleia cortada em duas Índice
|