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MUNDO DE BACO
Argentinos voltam à cena
JORGE CARRARA
Colunista da Folha
Após muito tempo ausente do
mercado internacional, a indústria
vitivinícola argentina parece decidida a recuperar o tempo perdido.
A Província de Mendoza, principal
produtora de vinhos finos do país,
passa agora por uma das maiores
renovações tecnológicas de sua
história. Estima-se que até 2001 os
investimentos cheguem à casa dos
US$ 200 milhões, dos quais um
quinto é dedicado aos vinhedos,
fator fundamental na qualidade.
Parte dos recursos vem de estrangeiros atraídos pelas possibilidades dos terrenos platinos. Há
pesos-pesados como a chilena
Concha y Toro (que fundou a Trivento), a Sogrape (lusitanos de
Grão Vasco e Barca Velha), que
comprou a tradicional Finca Flichman, os californianos da Kendall-Jackson (donos hoje da Viñas de
Tupungato) e o grupo francês Pernaud-Ricard, que dirige a Etchart.
O resultado do esforço, que deve
encher os copos com argentinos
cada vez melhores, já se pode conferir nos exemplares da Norton.
Os vinhos da casa -hoje propriedade de Gernot Langes-Swarovski, industrial austríaco dedicado à fabricação de miniaturas de
cristal- agradam por sua fruta e
concentração. Entre os que acabaram de chegar, o Sauvignon Blanc
98 impressiona pelo seu aroma
(melão, maracujá) de boa intensidade e paladar equilibrado.
Na ala dos tintos, há um Barbera,
safra 97, de corpo médio e sabor
frutado, ideal para acompanhar
massas e pizzas (com qualidade
superior à de muitos Bardolinos e
Valpolicellas vendidos por aqui).
Já o Cabernet Sauvignon 95, mais
encorpado, tem taninos um pouco
ásperos, mas excelente conteúdo
de fruta que persiste no final.
No topo estão o Malbec e o Perdriel del Centenario, ambos 95. O
Malbec impressiona com mel, frutas vermelhas e certo apimentado,
num paladar longo e aveludado.
O Centenario, um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec envelhecido em tonéis de carvalho, tem mais complexidade. Tabaco, certo torrado e couro se fundem com um núcleo marcado por
pimentão e cassis, enchendo a boca com um sabor delicioso. Pena
que seja absurdamente caro.
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