São Paulo, Sexta-feira, 02 de Abril de 1999
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MUNDO DE BACO
Argentinos voltam à cena

JORGE CARRARA
Colunista da Folha

Após muito tempo ausente do mercado internacional, a indústria vitivinícola argentina parece decidida a recuperar o tempo perdido. A Província de Mendoza, principal produtora de vinhos finos do país, passa agora por uma das maiores renovações tecnológicas de sua história. Estima-se que até 2001 os investimentos cheguem à casa dos US$ 200 milhões, dos quais um quinto é dedicado aos vinhedos, fator fundamental na qualidade.
Parte dos recursos vem de estrangeiros atraídos pelas possibilidades dos terrenos platinos. Há pesos-pesados como a chilena Concha y Toro (que fundou a Trivento), a Sogrape (lusitanos de Grão Vasco e Barca Velha), que comprou a tradicional Finca Flichman, os californianos da Kendall-Jackson (donos hoje da Viñas de Tupungato) e o grupo francês Pernaud-Ricard, que dirige a Etchart.
O resultado do esforço, que deve encher os copos com argentinos cada vez melhores, já se pode conferir nos exemplares da Norton.
Os vinhos da casa -hoje propriedade de Gernot Langes-Swarovski, industrial austríaco dedicado à fabricação de miniaturas de cristal- agradam por sua fruta e concentração. Entre os que acabaram de chegar, o Sauvignon Blanc 98 impressiona pelo seu aroma (melão, maracujá) de boa intensidade e paladar equilibrado.
Na ala dos tintos, há um Barbera, safra 97, de corpo médio e sabor frutado, ideal para acompanhar massas e pizzas (com qualidade superior à de muitos Bardolinos e Valpolicellas vendidos por aqui).
Já o Cabernet Sauvignon 95, mais encorpado, tem taninos um pouco ásperos, mas excelente conteúdo de fruta que persiste no final.
No topo estão o Malbec e o Perdriel del Centenario, ambos 95. O Malbec impressiona com mel, frutas vermelhas e certo apimentado, num paladar longo e aveludado.
O Centenario, um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec envelhecido em tonéis de carvalho, tem mais complexidade. Tabaco, certo torrado e couro se fundem com um núcleo marcado por pimentão e cassis, enchendo a boca com um sabor delicioso. Pena que seja absurdamente caro.


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