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Escritor Marcos Rey morre aos 74 em SP
ALESSANDRA KORMANN
do Banco de Dados
O escritor Marcos Rey morreu
ontem à tarde em São Paulo, aos 74
anos, vítima de câncer generalizado. Seu corpo foi velado ontem à
noite na Academia Paulista de Letras e deve ser cremado hoje. Ele
era casado e não tinha filhos.
Rey, que há duas semanas se
queixava de fortes dores na coluna,
estava internado na UTI (Unidade
de Terapia Intensiva) do Hospital
Paulistano desde a última terça-feira com um quadro de abdome
agudo, processo inflamatório que
produz risco de vida e gera sofrimento intenso ao paciente.
Edmundo Donato -nome de
batismo do escritor-, nascido em
São Paulo, em 17 de fevereiro de
1925, vendeu mais de 5 milhões de
livros. Sua obra é reconhecida
principalmente por romances urbanos e livros juvenis. Foi traduzido para países como EUA, Espanha, Itália, Alemanha e Rússia.
Publicou seu primeiro conto aos
16 anos, em 1942, na "Folha da Manhã", jornal então editado pelo
Grupo Folha, já assinando com o
pseudônimo. "Uma ficção a começar do próprio nome. Para o baile
das artes, já estava a caráter", disse.
Seu conto de estréia, "Ninguém
Entende Wiu-Li", teve ilustração
do cartunista Belmonte, criador do
personagem Juca Pato. Em 1962,
quando foi apresentada a idéia de
um prêmio para o "Intelectual do
Ano", resolveu, ao lado do irmão
Mário Donato, que foi um dos fundadores da UBE (União Brasileira
dos Escritores), homenagear Belmonte, criando o Troféu Juca Pato.
Marcos Rey começou a escrever
ainda criança, influenciado pelas
histórias em quadrinhos e pela
"Bíblia", que lia muito devido à
formação protestante de seus pais.
O pai dele, um dos pioneiros da
encadernação, também foi uma
grande influência. Na infância, Rey
conheceu e passou a admirar alguns escritores famosos que eram
amigos e clientes de seu pai, como
Monteiro Lobato, Menotti del Picchia e Orígenes Lessa.
Nos passeios com seu pai por São
Paulo, tirou idéia para muitos personagens, como os protagonistas
de "Café na Cama" (1960) e "Memórias de um Gigolô" (1968).
"Não precisava imaginar histórias.
Bastava ouvir pessoas, entendê-las
e descobrir para onde elas iam",
disse Rey.
A capital paulista era, segundo
ele, seu personagem principal.
"São Paulo é um palco giratório,
sempre múltipla e diversificada."
Seu primeiro romance, "Um Gato no Triângulo" foi publicado em
1953, época em que trabalhava como roteirista de rádio. Em 1955, escreveu a primeira minissérie brasileira para a TV, "Os Tigres", que foi
ao ar pela extinta TV Excelsior. Em
1960, casou-se com Palma.
Para a TV, escreveu "Vila Sésamo" e adaptou "A Moreninha", de
Joaquim Manuel de Macedo, e a
obra "Sítio do Picapau Amarelo",
de Monteiro Lobato.
Adaptou com Walter George
Durst seu romance "Memórias de
um Gigolô" para minissérie da Rede Globo, de 1986, dirigida por
Walter Avancini.
Sua obra também foi adaptada
para o cinema. Viraram filmes
"Memórias de um Gigolô", "O Enterro da Cafetina" e "Café na Cama". Nos últimos anos, escrevia
crônicas para a revista "Veja São
Paulo".
Em 1986, Rey foi eleito para a
Academia Paulista de Letras. Em
1994, ganhou o Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do
Livro, por seu conto "O Último
Mamífero do Martinelli". Em 1996,
conquistou o Troféu Juca Pato, que
ele ajudara a criar, com o romance
"Os Crimes do Olho-de-Boi".
Colaborou
Cynara Menezes, da Reportagem Local
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