Grandes bandas, grandes singles; página faz balanço dos últimos lançamentos do formato que vem com versões ao vivo, acústicas, inéditas, raras, covers, multimídia...

LÚCIO RIBEIRO
da Reportagem Local

Essas bandas incríveis e seus singles maravilhosos. A Ilustrada dedica sua página de discos aos mais relevantes lançamentos dos últimos meses deste CD em versão compacta.
De preço três vezes inferior ao de um álbum, o single nasce para apresentar uma determinada música de trabalho de um artista ou banda, essas canções para tocar no rádio, em programas de TV ou virar videoclipe.
Mas a maior graça é que o single embute em seu formato versões remix da própria música, versões ao vivo, raridades, inéditas, covers e, prática comum hoje, um material multimídia.
De longa vida na Inglaterra e de consumo relativo nos EUA, o single inexiste na cultura sonora brasileira.
Mas, mesmo refém das lojas de importados, o consumidor pop não pode ficar sem conferir as delícias sonoras que atingiram recentemente as lojas dos EUA e Inglaterra e se alocaram nas rádios e paradas estrangeiras.

"Nothing as It Seems" -
PEARL JAM
Lançado na semana passada nos EUA, o single marca a volta do Pearl Jam às conversas de roda de roqueiros. "Nothing as It Seems", o single, alivia um pouco a ansiedade de quem espera o lançamento do próximo álbum daquela que é a última grande banda viva da revolução grunge.
As duas canções do single estão em "Binaural", o sétimo álbum do grupo de Eddie Vedder, que toma as lojas em 16 de maio.
Num padrão Beavis & Butt-Head de avaliação, "Nothing as It Seems", faixa de cinco minutos de duração, é bem devagar no começo, mas depois engrena. Isso graças a uma guitarra psicodélica que serve de backing vocals para Vedder declamar a poesia esquisita de seu baixista, Jeff Ament. "Nada é o que parece. O pouco que ele precisa é nada".
Boa mesma é a segunda faixa, "Insignificance", que resgata a pegada forte de uma das bandas mais íntegras do rock. É o velho Pearl Jam em "Insignificance": clima de desespero musical, guitarra descontrolada e Vedder dilacerando sua corda vocal.
Faixas: "Nothing as It Seems"/ "Insignificance"

Avaliação:    

"Kill All Hippies" -
PRIMAL SCREAM
Segundo single a sair do bombástico álbum "Exterminator", "Kill All Hippies", que abre o excelente disco da banda escocesa, tem clima moderno e efeitos sonoros como se a música fosse encomendada para ser a trilha de um filme de James Bond a ser feito em 2020.
O dândi Bobbie Gillespie executa os hippies com bateria programada, loops e atitude agressiva, em música inspirada no filme "Out of the Blue" (1980), de Dennis Hopper, sobre uma garota moderna (para os 80) que não consegue conviver com os pais "cuca fresca". A voz da atriz Linda Manz, extraída do filme, faz par com a de Gillespie
O "lado B" traz a quebra-espinhas "Exterminator", também do álbum, dessa vez em versão igualmente demolidora da banda cult Massive Attack.
Não à toa, o single é dedicado ao soulman Curtis Mayfield, morto no final do ano passado. Gillespie é mesmo um Mayfield do futuro, chapado de ecstasy.
Faixas: "Kill All Hippies"/ "Exterminator (Massive Attack Remix)"/ "The Revenge of the Hammond Connection"

Avaliação:     

"Natural Blues" -
MOBY
"Natural Blues" é o quinto single a ser gerado pelo brilhante álbum "Play", do ano passado. CD de cinco faixas na edição americana do single, vem em quatro versões a música que reclama a Deus o tempo todo que a coisa não está fácil.
Além da versão do álbum e a editada para rádio, "Natural Blues" ganha (des)(re)construção nas mãos dos DJ Paul Oakenfold e Steve Osborne (Perfecto Remix, trance das melhores) e do impagável Mike D., dos Beastie Boys (a Mike D. Remix, ótima versão largada, preguiçosa).
De bônus, o single americano traz a inédita "Whispering Wind", de atmosfera lenta e pesada, sussurrante como o nome entrega.
Faixas: "Natural Blues (Radio Edit)", "Natural Blues (Perfecto Remix), "Natural Blues (Album Version)", "Natural Blues (Mike D. Remix)", "Whispering Wind"

Avaliação:     

"Generator" -
FOO FIGHTERS
Mais um single do CD "There Is Nothing Left to Lose", "Generator" é item dos mais recomendáveis para quem gosta do rock empolgante feito pela banda do ex-Nirvana Dave Grohl.
O single traz, além de "Generator", mais três músicas do álbum, em versões diferentes. "Ain't It the Life" e "Floaty" levam roupagem acústica gravada para um programa holandês.
E a delirante "Breakout", ao vivo na Escócia, mostra Grohl deixando o público cantar boa parte da canção, quando não está despejando na cabeça dos escoceses uma versão mais punk que no disco.
"Breakout" já valeria o single, mas "Generator" traz ainda a boa "Fraternity" (versão bônus exclusiva do álbum lançado no Japão e na Austrália), mais um bacana documentário na porção multimídia, realizado na época da gravação de "There Is Nothing...".
Faixas: "Generator", "Ain't It the Life (Live)", "Floaty (Live)", "Fraternity" e "Breakout (Live)"

Avaliação:     

"Who Feels Love?" -
OASIS
Segundo single do mais recente álbum da banda inglesa Oasis, aquela dos irmãos Gallagher. A bela balada "Who Feels Love?" aparece tal qual gravada no disco, mas não só.
Em versão multimídia, o single contém o chapante, multicolorido videoclipe da música. Fato raro, finalmente, o Oasis fez um bom clipe.
O "lado B" do single carrega a inédita "One Way Road", outra balada das boas cantada por Noel, e "Helter Skelter", eficiente cover dos Beatles, também com vocal de Noel, com a banda passeando à vontade onde mais gosta, no quintal de Lennon e McCartney.
Faixas: "Who Feels Love?", "One Way Road" e "Helter Skelter"

Avaliação:     

"Driftwood" -
TRAVIS
A principal banda britânica da atualidade, a escocesa Travis estourou tanto que até um single antigo, como este "Driftwood", ganha relançamento.
Seguidor do legado dos Gallagher e dono de um britpop feito com o propósito de arrebentar coração da juventude inglesa e adjacências, o Travis apresenta nesse single a versão de "Driftwood" contida no multipremiado segundo álbum "The Man Who".
Do mesmo álbum, vem ainda a bela "Wonderwall", quer dizer, "Writing to Reach You", só que aqui ao vivo.
Do primeiro disco ("Good Feeling") e da mesma sessão ao vivo para uma rádio holandesa, são pinçadas a fabulosa "Good Day to Die" e uma cover, "Baby One More Time", hit massacrante da descartável Britney Spears.
Se o Travis ainda não chegou a seus ouvidos, calma. Ele ainda vai.
Faixas: "Driftwood", "Writing to Reach You", "Good Day to Die" e "Baby One More Time"

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