São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Miss Kittin sacode o domingo

DJ, cantora e produtora, ela apresenta seu "déja-vu" esperto dos anos 80 no Skol Beats, das 6h às 8h

Francesa, que prepara novo disco, foi uma das principais responsáveis pelo renascimento do electro no início dos anos 2000

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Por alguma razão que talvez apenas a teoria do caos consiga explicar, entre 2000 e 2001 a música pop foi invadida pelos anos 80. Sintetizadores, vocoders, a new wave, o penteado mullet -praticamente tudo referente àquela década foi resgatado e incorporado no inconsciente coletivo. Muita gente se jogou no furacão, mas poucos saíram ilesos como Miss Kittin.
Na eletrônica, esse revisionismo apareceu dentro do electro, cujas batidas secas e vocais metalizados foram revigorados com tintas oitentistas principalmente pela gravadora alemã International Deejay Gigolo. Produtora, DJ e cantora, a francesa Miss Kittin (ou Caroline Hervé) fez parte dessa turma.
Mas, esperta, imprimia em suas faixas uma ironia refinada. Como na emblemática "1982", em que dizia: "O DJ toca déja-vu/ Como se estivéssemos em 1982". Essa e outras faixas do de seu primeiro disco, "First Album", devem entrar no set que Miss Kittin fará no Skol Beats, festival que acontece em São Paulo na sexta e no sábado.
Miss Kittin não perdeu a verve no álbum seguinte, "I Com" (2004), em que deixou entrar influências até do funk. Pouco antes de desembarcar no Brasil, ela contou por telefone à Folha como deve ser o próximo disco, em preparação.
"Gosto de imaginá-lo como um disco sobre pessoas fortes, que venceram a dor, que lutaram contra seus medos e que estão aqui, para compartilhar suas experiências e fazer do mundo um lugar melhor", filosofa. "Falo de amigas minhas, por exemplo, garotas que passaram por muitas dificuldades, que se tornaram pessoas melhores e que fazem coisas legais. É como um diário do que eu vi nos últimos dois anos."
No Skol Beats, Miss Kittin se apresentará como DJ. Vai tocar em uma das tendas do festival das 6h às 8h de domingo. "Sempre me considerei muito mais DJ [do que cantora ou produtora de música]. Mas, depois de 13 anos tocando em clubes, preciso de novos desafios. Como DJ, atingi um nível que, honestamente, não sei se conseguirei superar, que é tocar e cantar em cima de algumas músicas", diz.
"Estar num estúdio e dar à luz uma canção é algo mágico, puro. Eu não me sinto exposta; estou no controle, concentrada na música, nas palavras, nada mais. Nos clubes, às vezes me sinto desconectada do que está acontecendo, pois não faço parte do estilo "sexo, drogas e rock and roll" que acontece em volta de mim. Não é essa dance music que eu quero defender."
O fato de cantar em cima de algumas canções diferencia Miss Kittin de outros DJs. "Muita gente vai me ver por causa dos vocais. Da mesma forma que outros DJs usam efeitos eletrônicos, os vocais são parte de meu set. Comecei a cantar porque ficava entediada entre uma música e outra."


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