São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONEXÃO POP

A vez de Santogold


Comparada à anglo-cingalesa M.I.A., cantora americana arranca elogios com seu disco de estréia

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

HÁ ALGUM tempo Santogold tem aparecido com certa freqüência no noticiário pop. Nos últimos dias, seu nome ganhou exposição intensa porque: 1) seu disco de estréia finalmente saiu e 2) seu show no Coachella, ocorrido nos Estados Unidos na semana passada, foi dos mais concorridos e elogiados do festival.
E desde que começou a ser notada, Santogold passou a ser comparada a M.I.A.. As duas são cantoras, negras e utilizam inúmeras e singulares referências em suas músicas.
Mas há algumas diferenças. Enquanto M.I.A. viaja o mundo em busca de inspiração, seja bhangra indiano, Baltimore club ou percussão africana, e deixa bem claras suas intenções, Santogold constrói um inspirado mosaico a partir de reggae, rock e rap, mas em torno de um formato mais pop e linear.
No Coachella, estavam M.I.A. e Santogold. Enquanto a apresentação de M.I.A. foi complicada e tensa -ela entrou atrasada; ignorando pedidos da produção do evento, convocou o público a subir no palco, o que fez com que a grade de proteção caísse; brigou com um técnico porque queria que a luz fosse apagada; seu DJ passou o tempo inteiro soltando samples de tiros de espingarda...-, o show de Santogold foi uma festa: ela canta em cima de bases colocadas por um DJ, com sua voz emprestando uma variação rítmica impressionante.

 

Santogold é a norte-americana Santi White. Nasceu na Filadélfia, mas mudou-se para Nova York em 2003.
Trabalhou na gravadora Epic, e deixou a companhia para produzir e compor as faixas do disco "How I
Do", do cantor soul Res. Depois, formou uma banda de punk/new wave, Stiffed, da qual era vocalista. Seu trabalho chegou até o produtor Mark Ronson, que a convocou para participar do elogiado disco "Version" (Santogold canta "Pretty Green", canção do Jam).
No final de 2007, ela apareceu em várias listas do tipo "artistas para ficar de olho em 2008". Ganhou bela notoriedade, ainda em 2007, quando foi chamada por Björk para abrir os shows da islandesa nos EUA.
Seu disco de estréia, homônimo, acaba de sair nos EUA. Não à toa o álbum soa variado -nos créditos de produção, aparecem nomes como Chuck Treece (Bad Brains), Spank Rock, Switch, Sinden, Radioclit, Freq Nasty e Diplo, entre outros.
"Santogold", o disco, é tão colorido e robusto quanto "Kala", o segundo disco de M.I.A., lançado em 2007.
Há desde o chacoalhante electro-funk de "Creator" até a festiva new wave "Say Aha". "Lights Out" é das mais diretas, pop, de melodia linear.
"I'm a Lady" é uma balada que não encontramos em outras cantoras de r&b e de rock. Em "Les Artistes", ela lembra Karen O. (Yeah Yeah Yeahs).
"You'll Find a Way" possui beats de rap, ecos de dub e cadência de electro-reggae. Veja em www.myspace.com/santogold se eu estou exagerando.

thiago@folhasp.com.br


Texto Anterior: CDs
Próximo Texto: Falta "base científica" a cifra de público da Virada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.