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Crítica
Madame Bovary e Rambo são personagens deslocados
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não importa quais e quantas
sejam as diferenças entre eles,
hoje estamos em face de dois
personagens romanescos: madame Bovary e Rambo.
Para Bovary, a personagem
provinciana de Flaubert retomada por Claude Chabrol em
"Madame Bovary" (Futura,
1h30, classificação não informada), o front são os salões parisienses, com seu brilho e
prestígio. Tudo aquilo que seu
marido médico e medíocre não
pode oferecer.
Para o guerreiro de "Rambo
- Programado para Matar"
(TCM, 22h; 14 anos), o front é
lá mesmo, no Vietnã -que é a
sua Paris. O personagem não
tem nada a fazer nos EUA, e os
EUA não têm nem emprego
para ele. Esses dois seres deslocados estão condenados à infelicidade. Talvez a diferença
mais marcante entre eles seja
que Rambo ao menos pode
contemplar sua desgraça. Bovary, nem isso.
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