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foco
Mostra de Andy Warhol leva descolados à cracolândia
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
""É chocante!", exclamou
Mayara do Amaral, 22, na
saída da mostra de Andy
Warhol, em cartaz na Estação Pinacoteca, no bairro da
Luz, em São Paulo.
A jovem, que desfilava um
panamá sobre as madeixas
loiras e um lencinho Pucci
amarrado à bolsa, não se referia, no entanto, às obras do
pai da pop arte.
"Nunca tinha visto gente
fumando crack na vida! Eles
perdem a noção e estão fumando no meio da rua, como
se fosse cigarro!" Em sua primeira incursão pela região
da Luz, ela e a amiga decidiram guardar os relógios e os
anéis na bolsa. "É chato, né?
Mas ficamos apreensivas."
"Mr. América", de Warhol,
é a mostra mais popular da
história da Estação Pinacoteca como espaço expositivo.
Foi vista por mais de 38 mil
pessoas em pouco menos de
40 dias. E tem atraído, em
especial, gente da moda, do
design e da publicidade para
uma parte da cidade que há
anos mantém um apelido repelente: cracolândia.
"Warhol faz uma crítica à
sociedade de consumo. E
tanto o público da exposição
como o da cracolândia são
um produto disso", arrisca a
estudante de artes plásticas
Maysa Martins, 20.
As calçadas da região ganharam um colorido semelhante ao das telas de Warhol. Cabelos cor-de-rosa,
óculos amarelos e unhas
azuis vêm e vão ao lado de
com gente sem cor, em farrapos, sentada no chão, dividindo cachimbos.
Esse contraste nas ruas se
torna uniforme do lado de
dentro do prédio restaurado
que abriga a mostra, em cartaz até o dia 23 de maio.
"Dá para perceber que essa exposição trouxe classes
mais altas para esse pedaço
da cidade", avalia a publicitária Renata Wolter, 25, para
quem a arte de Warhol tem
tudo a ver com sua profissão.
Para o designer Maciel
Shira, 27, que foi à mostra
com um grupo de amigos, o
"pessoal moderno está voltando a olhar para o centro".
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