São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Tropa 2" é para encerrar a discussão, diz Padilha

Sequência do filme com Wagner Moura tem estreia prevista para 3 de setembro

Diretor José Padilha entra em fase de montagem de "Tropa de Elite 2" nesta semana, após filmagens encerradas no mês passado

FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Capitão Nascimento subiu na vida. Deixou de executar invasões e passou a deliberá-las. "Ele agora calcula politicamente, o tempo inteiro", explica José Padilha, diretor de "Tropa de Elite 2", que entra em fase de montagem nesta semana e estreia em 3 de setembro.
O filme é a continuação do sucesso de pirataria e polêmicas de 2007, visto nos cinemas por 2,5 milhões de pessoas e fora deles por outras 10 milhões, segundo os produtores. Foi duramente criticado por supostamente enaltecer policiais violentos e também premiado com o Urso de Ouro em Berlim.
Padilha decidiu fazer a sequência para "lançar um pouco de luz" sobre "Tropa 1" e também "Ônibus 174" (2002), documentário sobre um garoto de rua que sequestra um ônibus no Rio. "Num [filme] me chamaram de radical de esquerda, no outro, de radical de direita", disse Padilha à Folha, durante uma pausa nas filmagens, no mês passado. "Não escrevi "Tropa 2" para responder nem um nem o outro. Mas é para fechar isso [a discussão]."
O diretor pretende ser "mais explícito" no seu intuito de mostrar o Estado como responsável tanto pela truculência policial como pela transformação da miséria em violência.
"A ideia do "Tropa 2" é fazer um filme na interface entre política e violência. Como se eu subisse um degrau. Falei do pequeno criminoso violento, falei do policial violento, e agora vamos ver quem gerencia esse processo que eu tentei falar."
Será um filme mais cerebral, mas não de gabinete, e com a mesma dose de ação. Haverá uma rebelião pesada num presídio do Rio, um ônibus incendiado na rua e uma ocupação no morro Dona Marta, com direito a helicópteros, numa ação liderada por Nascimento, com Polícia Civil, Militar e Bope.
Além de Wagner Moura, voltam ao filme Maria Ribeiro, como mulher de Nascimento, e André Ramiro, como o policial do Bope Matias. O casal agora tem um filho adolescente e um novo inimigo: as milícias.
A Folha acompanhou um dia das filmagens, no auditório do Palácio Gustavo Capanema, prédio modernista de Oscar Niemeyer, no centro do Rio. Em cena, estava o antagonista de Nascimento, Diogo Fraga, interpretado pelo ator pernambucano Irandhir Santos ("Besouro"). O personagem é baseado no deputado do Rio Marcelo Freixo (PSOL), ativista de direitos humanos, que fez uma ponta como figurante, na plateia de um congresso.
Fraga, professor de história que se envolve com política, discursava no evento sobre o perverso sistema carcerário brasileiro e sobre como o Estado investe mais em presídios do que em educação. "Fraga vem para contestar, para abrir a boca contra todo esse método de tortura e repressão que foi mostrado no primeiro filme", diz Irandhir Santos.


Texto Anterior: Foco: Mostra de Andy Warhol leva descolados à cracolândia
Próximo Texto: Músicos fazem ponta no longa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.