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"Tropa 2" é para encerrar a discussão, diz Padilha
Sequência do filme com Wagner Moura tem estreia prevista para 3 de setembro
Diretor José Padilha entra em fase de montagem de "Tropa de Elite 2" nesta semana, após filmagens encerradas no mês passado
FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Capitão Nascimento subiu
na vida. Deixou de executar invasões e passou a deliberá-las.
"Ele agora calcula politicamente, o tempo inteiro", explica José Padilha, diretor de "Tropa de
Elite 2", que entra em fase de
montagem nesta semana e estreia em 3 de setembro.
O filme é a continuação do
sucesso de pirataria e polêmicas de 2007, visto nos cinemas
por 2,5 milhões de pessoas e fora deles por outras 10 milhões,
segundo os produtores. Foi duramente criticado por supostamente enaltecer policiais violentos e também premiado
com o Urso de Ouro em Berlim.
Padilha decidiu fazer a sequência para "lançar um pouco
de luz" sobre "Tropa 1" e também "Ônibus 174" (2002), documentário sobre um garoto de
rua que sequestra um ônibus
no Rio. "Num [filme] me chamaram de radical de esquerda,
no outro, de radical de direita",
disse Padilha à Folha, durante
uma pausa nas filmagens, no
mês passado. "Não escrevi
"Tropa 2" para responder nem
um nem o outro. Mas é para fechar isso [a discussão]."
O diretor pretende ser "mais
explícito" no seu intuito de
mostrar o Estado como responsável tanto pela truculência policial como pela transformação da miséria em violência.
"A ideia do "Tropa 2" é fazer
um filme na interface entre política e violência. Como se eu
subisse um degrau. Falei do pequeno criminoso violento, falei
do policial violento, e agora vamos ver quem gerencia esse
processo que eu tentei falar."
Será um filme mais cerebral,
mas não de gabinete, e com a
mesma dose de ação. Haverá
uma rebelião pesada num presídio do Rio, um ônibus incendiado na rua e uma ocupação
no morro Dona Marta, com direito a helicópteros, numa ação
liderada por Nascimento, com
Polícia Civil, Militar e Bope.
Além de Wagner Moura, voltam ao filme Maria Ribeiro, como mulher de Nascimento, e
André Ramiro, como o policial
do Bope Matias. O casal agora
tem um filho adolescente e um
novo inimigo: as milícias.
A Folha acompanhou um dia
das filmagens, no auditório do
Palácio Gustavo Capanema,
prédio modernista de Oscar
Niemeyer, no centro do Rio.
Em cena, estava o antagonista
de Nascimento, Diogo Fraga,
interpretado pelo ator pernambucano Irandhir Santos
("Besouro"). O personagem é
baseado no deputado do Rio
Marcelo Freixo (PSOL), ativista de direitos humanos, que fez
uma ponta como figurante, na
plateia de um congresso.
Fraga, professor de história
que se envolve com política,
discursava no evento sobre o
perverso sistema carcerário
brasileiro e sobre como o Estado investe mais em presídios
do que em educação. "Fraga
vem para contestar, para abrir
a boca contra todo esse método
de tortura e repressão que foi
mostrado no primeiro filme",
diz Irandhir Santos.
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