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OUTRO LADO
Editora aponta "cerceamento da defesa"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Maria Luiza de Freitas
Valle Egea, advogada da Martins Fontes, a controvérsia não
está no reconhecimento dos direitos autorais dos tradutores.
"Esse tema, que em nenhum
momento foi questionado pela
defesa, é o que mais aparece na
sentença."
Ela diz que o maior problema
da decisão é ter reconhecido a
transferência dos direitos autorais na publicação dos livros, o
que gerou a obrigação de indenizar. "No caso, foi celebrado
um contrato de encomenda de
obra intelectual. Não há uma
prova no processo comprovando a cessão de direitos."
Na relação de encomenda,
uma parte paga a outra pela
realização de um determinado
trabalho. "A editora, inclusive,
não se comprometera a publicar a tradução. A relação jurídica se encerrou quando a empresa recebeu o trabalho e pagou por ele", completa.
Questionada pela Folha se o
fato de as traduções terem sido
publicadas e reeditadas implicava no surgimento de um novo vínculo jurídico, a advogada
foi enfática: "Não em nosso
ponto de vista".
Egea criticou o fato de os tradutores terem recorrido à Justiça em 2002, quando a encomenda foi feita em 1990; os autores da ação dizem que foi em
1992. "Soa estranha a cobrança
de uma diferença de adiantamento depois de tanto tempo."
A advogada diz ainda que
houve cerceamento da defesa,
já que o juiz entendeu que a
controvérsia não envolvia os
fatos -era restrita ao direito-
e não autorizou a produção de
provas para mostrar a prática
de mercado.
Indagada se orientou a editora a mudar sua forma de contratação de tradutores, por
meio de documentos escritos, a
defensora respondeu que não.
"Porque essa decisão ainda é
muito recente e principalmente por achar que nosso ponto
de vista é o correto e será reconhecido no Tribunal de Justiça
ou mesmo nas instâncias de
Brasília", justificou.
Depois de ser informada pela
reportagem de que a Warner
entrou em acordo com os tradutores, pagando a cessão de
direitos autorais, a advogada
declarou que a situação da distribuidora do filme é diferente
da realidade da editora: "A encomenda de tradução é exclusiva para livros. O fato de a
Warner ter feito acordo com os
tradutores não nos prejudica
caso apareça futuramente no
processo".
(LF E CEM)
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