São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2001

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Especializado na obra de Nelson Rodrigues, Ricardo Guilherme recebeu convite do Sesc para ópera

Diretor cearense se autodefine "nelsólatra"

Maristella Martins/Divulgação
O ator Luiz Damasceno durante ensaio da ópera "Bis!", em SP


DA REPORTAGEM LOCAL

O ator e encenador cearense Ricardo Guilherme se considera um "nelsólatra". Tinha 23 anos quando conheceu Nelson Rodrigues, em 1973, no Rio. Desde então, montou peças e sobretudo "transcriou" crônicas e romances do autor. Como "Bravíssimo", com o grupo Teatro Radical, que apresentou em São Paulo, em 1999, no projeto Nordestes, do Sesc.
"Não caí de pára-quedas", diz Guilherme, 45, convidado pelo Sesc Ipiranga para fazer a direção cênica de "Bis!", novo espetáculo do projeto Pocket Opera.
Com texto de próprio punho, o diretor acrescentou prefácio e epílogo ao libreto de Cláudia Vasconcellos, "A Rosa do Asfalto". Os cantos líricos, entremeados por falas também "musicadas" em tempos e ritmos, são interpretados pela mezzo-soprano Andréia Sicchiero (mulher), o tenor Marcos Tadeu (marido), o barítono Saulo Javan (amante) e o baixo José Maria Machado (pai).
Epílogo e prefácio serão representados pelo ator Luiz Damasceno (ex-Cia. de Ópera Seca), na pele de um escritor contemporâneo, urbano, de perspectiva humanista, espécie de alter ego de Nelson Rodrigues em cena, a amarrar a trama regida pela traição.
Guilherme se baseou na primeira crítica de ópera assinada por Rodrigues, em 1936, para tentar balizar a filosofia do autor, com a qual compactua: "Ali, ele já faz referências aos personagens brasileiros, que, como nos grandes clássicos do gênero, também são contaminados pelo espírito operístico, lidam com golfadas de sangue, com o amor sem desejo, com os mesmos fantasmas que o dramaturgo depois iria incorporar", afirma o diretor cênico.
O diretor musical Laércio Resende e a libretista Cláudia Vasconcellos, que vêm de trabalhos conjuntos, como em "Irmãs do Tempo", queriam projeto de ópera cantada em português e alicerçada no cotidiano dos próprios brasileiros, daí a empatia com o universo rodriguiano.
Cinco instrumentistas interpretam a música composta por Resende: Fernando Tomimura (piano), Ricardo Fukuda (violoncelo), Alexandre Biondi (percussão), Laércio Sinhoreli (violino) e Sérgio Wontroba (clarinete).
A cenografia é de José Dias. Os figurinos, de Carolina Li.
Lançado em 1994, integrado à programação do Sesc Ipiranga, o projeto Pocket Opera tem curadoria de Sérgio Escamilla. (VALMIR SANTOS)


BIS! - Direção cênica: Ricardo Guilherme. Direção musical: Laércio Resende. Libreto: Cláudia Vasconcellos. Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel. 0/xx/11/3340-2000). Quando: estréia dia 12; qui. a sáb., às 21h, e dom., às 20h; até 29 de julho. Quanto: R$ 12. Na internet: www.sescsp.com.br



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