São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2001

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ARTES PLÁSTICAS
Curadores e críticos debatem evento

Mostra dos 50 anos da Bienal não fala de Ciccillo, o homenageado

DA REPORTAGEM LOCAL

"Não há referências a Ciccillo Matarazzo na mostra dos 50 anos da Bienal, nem sequer seu nome completo ou data de nascimento", disse Ivo Mesquita na última sexta-feira, durante debate promovido pela Folha sobre a exposição Bienal: os Primeiros 50 Anos -Uma Homenagem a Ciccillo Matarazzo.
Participaram do debate os curadores da mostra Pedro Cury (arquitetura), Maria Alice Milliet (artes visuais) e Marili Brandão (design) e ainda Mesquita, diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Agnaldo Farias, curador brasileiro da 25ª Bienal de São Paulo, e Felipe Chaimovich, crítico da Folha.
Para uma platéia composta por vários artistas, como Regina Silveira e Alex Flemming, e ainda personalidades ligadas às artes, como o curador da 25ª Bienal de São Paulo, Alfons Hug, os debatedores trataram especialmente da polêmica em torno das obras de arquitetos e designers na mostra.
"Há uma esquizofrenia em curso: em virtude do isolamento causado pela ditadura militar no Brasil, não há diálogo entre as disciplinas, e isso se reflete na exposição", apontou Farias.

Falta de comunicação
Já para Mesquita, a falta de comunicação entre arquitetura, design e artes plásticas na mostra ocorreu porque "dividiu-se a curadoria em segmentos o que não representa uma prática interdisciplinar".
A constatação de Mesquita foi comprovada nas apresentações realizadas pelos curadores na introdução dos debates: cada um defendeu apenas a sua própria área, e não a mostra de forma global.
Chaimovich chamou a atenção para a organização formal da mostra: "A desordenação labiríntica é um incômodo para o público, e a articulação do conjunto não evidência o conceito da mostra". Para o crítico da Folha, a exposição tem como resultado um caráter conservador, ao contrário do ímpeto modernizante das bienais de Ciccillo.
Os curadores, como justificativa para o ataque, apontaram o tempo escasso para a montagem. "Começamos em outubro do ano passado, quando os debates estavam esquentando, em abril, já era hora da montagem", afirmou Maria Alice Milliet.


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