São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Empresário Manoel Francisco Pires da Costa é o único nome à presidência, que será renovada no dia 16

Fundação Bienal tem um só candidato

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

No próximo dia 16, a Fundação Bienal de São Paulo escolhe seu novo presidente. Até agora, há apenas um candidato a suceder o atual presidente, Carlos Bratke.
Trata-se do empresário Manoel Francisco Pires da Costa, 62, ex-presidente da Bovespa e da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Indicado ao conselho da Bienal, no ano passado, pelo crítico de teatro Sábato Magaldi, Costa foi uma das figuras centrais na bem-sucedida campanha de arrecadação financeira da 25ª Bienal, encerrada em maio passado.
"Tenho trânsito nos governos federal e estadual e na iniciativa privada. Fiquei próximo de Bratke nessa empreitada", diz Costa.
Na reunião do conselho da fundação, realizada na última terça, o empresário foi indicado ao cargo por Roberto Muylaert, ex-presidente da Bienal, e teve caloroso apoio de outros ex-presidentes, como Edemar Cid Ferreira, Julio Landmann e mesmo do presidente em exercício.
É difícil que alguém consiga se candidatar após apoios tão influentes e quando hoje há um clima de "harmonia" no conselho, segundo o próprio Costa, que no entanto prefere demonstrar cautela: "Apoio não significa voto". Na mesma reunião, Jorge Wilheim foi reeleito presidente do conselho até 2006.
"Nunca tive intenção de concorrer ao cargo, o convite foi uma surpresa. Creio que me viram como alguém que gosta de arte e tem capacidade administrativa. Estou buscando compor a chapa", diz Costa, em seu escritório nos Jardins, onde cuida de um site voltado ao mercado financeiro.
Costa é pai da artista plástica Gabriela Pires da Costa, cujas obras estão em várias salas do escritório do empresário, ao lado de outras de Rino Levi e Milton Dacosta, e da psicóloga Juliana Pires da Costa. Ele é o atual diretor do Masp-Centro. "Em outubro, vamos reabrir o espaço, após a reforma na parte superior, com uma mostra em homenagem aos 80 anos de Aldemir Martins."
A primeira decisão de Costa, se eleito, será indicar o curador da 26ª Bienal, programada para 2004. "É uma questão em aberto, só posso dar algum nome após a eleição", afirma. Mas o alemão Alfons Hug, curador da 25ª Bienal e atual diretor do Instituto Goethe no Rio, parece bem cotado. Bratke anunciou que Hug tem uma proposta para a próxima Bienal, e Costa tem simpatia pelo nome.
"Hug fez um excelente trabalho, a começar pelo tema das cidades, que me sensibilizou muito. Ele é extremamente competente e merece ser levado em conta", afirma.
Certo mesmo é que o núcleo histórico, aquele das salas com artistas clássicos, deve continuar extinto. "Pelo sucesso de público da Bienal, não seria ousar muito repetir a experiência. Além de ser caro, a função do núcleo histórico já foi assumida pelos museus da cidade, que têm apresentado ótimas mostras", diz o empresário.
Já a seção das representações nacionais, questionada por críticos e curadores por criar um clima de festa das nações, deve ser mantida. "Pela nossa tradição, creio que as representações devam continuar a ser realizadas."



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