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MUNDO DE BACO
Virtudes e defeitos dos novos "premium" chilenos
JORGE CARRARA
Colunista da Folha
Dois novos integrantes do elenco
de tintos "premium" chilenos
-um grupo destinado a integrar o
topo do mercado de vinhos finos-
, o Seña e o Almaviva, desembarcaram recentemente na cidade,
trazendo com eles as mesmas virtudes e defeitos que marcaram a
estréia de outros exemplares da
sua categoria -como o M, da
Montes, ou o Finis Terrae, da vinícola Cousiño Macul.
Entre os aspectos positivos está o
estilo de ambos, um tanto mais
elegante e refinado. O Seña , um
Cabernet elaborado pela Caliterra, empresa que reúne a vinícola
chilena Errazuriz e a californiana
Robert Mondavi, é um vinho muito equilibrado, com paladar frutado, bastante complexo e persistente.
O Almaviva, um corte de Cabernet e Merlot, assinado pela joint-venture entre a gigante chilena
Concha y Toro e os franceses que
elaboram o Château Mouton Rotschild, um dos melhores vinhos do
planeta, mostra também boa qualidade, sabor marcado por fruta e
traços delicados de madeira e textura muito atraente.
Na ala dos problemas, dada a
sua performance -muito pouco
acima de outros bons tintos chilenos-, aparece o seu preço, totalmente disparatado: o Seña custa
US$ 96,66 e o Almaviva (pior ainda), a "bagatela" de US$ 130.
Por um lado, parece que os produtores chilenos, além de esquecer
que, especialmente nestas bandas,
o dinheiro não fica exatamente jogado na rua à disposição de quem
o precise gastar, apagaram também da memória que uma excelente relação preço-qualidade foi o
elemento principal que deu fama
aos vinhos do país.
Por outro lado, parecem ignorar
que mesmo quem dispõe dessa
quantia para investir no mundo
de Baco tem a sua disposição vinhos de nível similar -e em muitos casos, superior- que custam
menos da metade.
Com a quantia pedida pelo Almaviva, por exemplo, podem ser
compradas não uma, mas duas
garrafas de Caymus Cabernet Sau-vignon (um dos ícones da viticultura norte-americana e que é, ano
após ano, um tremendo vinho).
Pode-se comprar também um
Spotswoode, outro Cabernet de
ponta californiano.
Pela mesma soma, levam-se para
casa três garrafas do Catena Alta,
um espetacular Malbec argentino,
ou quatro do Lindemans Padhtaway (um ótimo shiraz australiano), ou ainda cinco de um bom
Chianti como o Fonterutoli.
É possível optar também por dez
garrafas do Trio, um bom Cabernet chileno, da própria Concha y
Toro, frutado, gostoso e com aquele velho e bom preço compensador,
que sempre caracterizou os vinhos
produzidos do lado de lá da cordilheira.
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