São Paulo, Sexta-feira, 02 de Julho de 1999
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MUNDO DE BACO
Virtudes e defeitos dos novos "premium" chilenos

JORGE CARRARA
Colunista da Folha

Dois novos integrantes do elenco de tintos "premium" chilenos -um grupo destinado a integrar o topo do mercado de vinhos finos- , o Seña e o Almaviva, desembarcaram recentemente na cidade, trazendo com eles as mesmas virtudes e defeitos que marcaram a estréia de outros exemplares da sua categoria -como o M, da Montes, ou o Finis Terrae, da vinícola Cousiño Macul.
Entre os aspectos positivos está o estilo de ambos, um tanto mais elegante e refinado. O Seña , um Cabernet elaborado pela Caliterra, empresa que reúne a vinícola chilena Errazuriz e a californiana Robert Mondavi, é um vinho muito equilibrado, com paladar frutado, bastante complexo e persistente.
O Almaviva, um corte de Cabernet e Merlot, assinado pela joint-venture entre a gigante chilena Concha y Toro e os franceses que elaboram o Château Mouton Rotschild, um dos melhores vinhos do planeta, mostra também boa qualidade, sabor marcado por fruta e traços delicados de madeira e textura muito atraente.
Na ala dos problemas, dada a sua performance -muito pouco acima de outros bons tintos chilenos-, aparece o seu preço, totalmente disparatado: o Seña custa US$ 96,66 e o Almaviva (pior ainda), a "bagatela" de US$ 130.
Por um lado, parece que os produtores chilenos, além de esquecer que, especialmente nestas bandas, o dinheiro não fica exatamente jogado na rua à disposição de quem o precise gastar, apagaram também da memória que uma excelente relação preço-qualidade foi o elemento principal que deu fama aos vinhos do país.
Por outro lado, parecem ignorar que mesmo quem dispõe dessa quantia para investir no mundo de Baco tem a sua disposição vinhos de nível similar -e em muitos casos, superior- que custam menos da metade.
Com a quantia pedida pelo Almaviva, por exemplo, podem ser compradas não uma, mas duas garrafas de Caymus Cabernet Sau-vignon (um dos ícones da viticultura norte-americana e que é, ano após ano, um tremendo vinho). Pode-se comprar também um Spotswoode, outro Cabernet de ponta californiano.
Pela mesma soma, levam-se para casa três garrafas do Catena Alta, um espetacular Malbec argentino, ou quatro do Lindemans Padhtaway (um ótimo shiraz australiano), ou ainda cinco de um bom Chianti como o Fonterutoli.
É possível optar também por dez garrafas do Trio, um bom Cabernet chileno, da própria Concha y Toro, frutado, gostoso e com aquele velho e bom preço compensador, que sempre caracterizou os vinhos produzidos do lado de lá da cordilheira.


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