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Luxo e decadência foram domínios preferidos
da Redação
Ainda que fizesse o mais rocambolesco dos filmes, dificilmente
Luchino Visconti (1906-1976) conseguiria dar uma idéia do que foi
sua agitada biografia.
Ali existe de quase tudo: a origem
nobre (era conde e filho de um duque) e as convicções marxistas; o
gosto por corridas de cavalo e pelo
teatro; um filme feito sob o regime
fascista ("Ossessione") e uma condenação à morte, durante a Segunda Guerra Mundial, por participar
da resistência.
Não é de estranhar, portanto,
que Visconti tenha em seu currículo um dos principais filmes do
neo-realismo ("A Terra Treme"),
sobre pescadores de uma aldeia
italiana, e também tenha sido um
dos primeiros realizadores a se
afastar, nos anos 50, da estética
austeramente realista pregada por
Roberto Rossellini.
Com efeito, o luxo e a decadência
foram os domínios preferidos de
Visconti. Numa geração que soube
tirar partido da destruição de seu
país, no pós-guerra, foi ele quem
mais desenvolveu o gosto pelo espetáculo, desde os anos 50.
Já em "Sedução da Carne", de
1954, pode-se ver plenamente desenvolvido o gosto pelo decorativo, pela musicalidade e pela grandiosidade, num registro abertamente romântico, sem nem por isso abandonar suas convicções comunistas. "Sedução da Carne" já
desenvolvia, no registro operístico
que tanto agradava ao cineasta, o
gosto pela decadência ou, mais,
pela dissolução familiar.
A temática o acompanharia ao
longo de sua vida, em filmes tão diversos quanto "Vagas Estrelas da
Ursa", sobre incesto, ou "Os Deuses Malditos", sobre a adesão de
uma poderosa família ao nazismo.
Homossexual, abordou de frente a
temática em "Morte em Veneza",
adaptação do romance de Thomas
Mann.
Luchino Visconti foi um dos
principais expoentes do cinema
italiano no pós-guerra, justamente
no momento em que essa escola
consolidou-se como uma das principais do cinema mundial, com
realizadores tão influentes quanto
Rossellini, Vittorio De Sica, Federico Fellini e Michelangelo Antonioni, entre outros.
De todos, talvez tenha sido aquele que melhor soube se relacionar
com seus atores, colocando em
destaque nomes como Alain Delon, Romy Schneider, Claudia Cardinale, Helmut Berger. Também
foi possivelmente o cineasta que
melhor explorou Burt Lancaster,
estrela de dois de seus principais
filmes: "O Leopardo" e "Violência
e Paixão".
(IA)
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