São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILMES

Oshima, mon amour

PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se em "Max, Meu Amor" (Telecine Happy, 21h), Charlotte Rampling trai o marido com um macaco, o escândalo existe a partir da zoofilia, e não da infidelidade. É o que aponta Nagisa Oshima, uma vez que a excentricidade não estaria no ato propriamente, mas num olhar externo contaminado por um estatuto de "normalidade".
No cinema dele, as figuras pendulam entre o fisiológico e o ideológico, cedendo ao impulso cientes das conseqüências da escolha.
O que não é o caso de Bob Zemeckis, que acata a regra e determina a seus personagens a assimilação pelo sistema. Caso do nerd de "Forrest Gump" (Telecine Emotion, 18h30), que peleja ser "normal". A fábula, aqui, funciona como veículo da ordem. E não é à toa que a modernidade de Oshima seja tão mais atraente.

A Família Buscapé
Globo, 15h40.

(The Beverly Hillbillies). EUA, 1993, 94 min. Direção: Penelope Spheeris. Com Jim Varney, Diedrich Bader, Cloris Leachman, Lily Tomlin. Graças a um poço de petróleo encontrado em suas terras, os Buscapé trocam o interiorzão dos Estados Unidos por Los Angeles. Comédia passável, ainda que seu humor exista apenas para mangar dos matutas na cidade grande.

Planeta dos Macacos
Globo, 22h.

(Planet of the Apes). EUA, 2001, 119 min. Direção: Tim Burton. Com Mark Wahlberg, Tim Roth, Helena Bonham Carter, Kris Kristofferson. Após ter sua nave avariada, astronauta (Wahlberg) cai em planeta onde os macacos usam humanos como escravos. Ele será uma ameaça ao clã símio, uma vez que sua rebeldia desmorona o mito que sustenta o governo primata. Ninguém percebeu a dimensão política desta obra-prima de Burton, comparando-a com o clássico de Franklin Schaffner. E tampouco a figura trágica (e extraordinária) do general Thade (Roth), imbuído de preservar a tal história oficial de seu povo, ou seja, a memória da nação. 119 min. Inédito.

Uma Noite Muito Louca
Globo, 2h20.

(The Night Before, 1988). EUA, 1988. Direção: Thom Ebenhardt. Com: Keanu Reeves e Lori Loughlin. Reeves vive o personagem que acorda, no meio da noite, em um beco, sem a mínima idéia de como foi parar ali. Daí em diante, passa pelas confusões esperadas enquanto vai recuperando a memória. Filme escolhido no Intercine.

A Bela Face da Morte
Globo, 4h.

(The Stepsister). EUA, 1997. Direção: Charles Correll. Com Rena Sofer e Bridgette Wilson. Uma estudante de psicologia (Sofer) encontra em casa um belo objeto de estudo na pessoa da enteada de seu pai, que, entre outras, rouba-lhe o namorado e tenta seduzir o próprio padrasto. O tema é um prato cheio. Telefilme. (PSL)

TV PAGA

Gullar improvisa crônicas em "Canto Geral"

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Multitarefas, o poeta Ferreira Gullar é um dos cronistas do programa "Canto Geral", que traz doses homeopáticas diárias sobre assuntos escolhidos pelos próprios autores.
Gullar, também tradutor, crítico de arte e teatrólogo, conta, por exemplo, como começou a escrever para crianças. "Nunca havia pensado em escrever poema para crianças. Mas eu tenho um gatinho, que aliás se chama Gatinho, e fiz um poema para ele", conta o autor. Sua mulher sugeriu que produzisse mais, e, logo, Gullar já tinha um livro infantil.
Pediu, então, a seu neto Estevão, que o ilustrasse. "Pensei que seria legal, o avô faz o livro e o neto o ilustra. Mas ele só desenhava animais em extinção", lamentou o poeta, que emendou ainda um poema, "Urubu", sobre seu novo livro para crianças, "Bichos".
Além de falar sobre sua própria produção, Gullar encosta em temas do dia-a-dia do Brasil, como a relação da população com a Justiça. "Quando é morosa demais, é como se não existisse", define o autor. "Para o povo, é como se não existisse", conclui. Ao final dos cinco minutos da crônica sobre a Justiça, o autor adverte: "Não sou especialista, mas essa é uma preocupação de todos nós".
Em outra crônica Gullar conta o caso de um conhecido que, depois de salvar um bêbado, acabou parando na delegacia, pois era "uma dessas pessoas boas demais". O poeta se lembra de uma fábula de La Fontaine, em que "um cara salva uma cobra enregelada e a leva para a casa, perto da lareira. Quando se recupera, a cobra tenta mordê-lo, e ele a mata com um facão". Segundo Gullar, La Fontaine deu à história a seguinte moral: "Deve-se fazer o bem sem olhar a quem?". Em uma espécie de solução à pergunta de La Fontaine, Gullar modificou um pouco a moral em sua tradução e colocou-a como: "Deve-se fazer o certo, mas tendo um facão por perto".
As crônicas de Gullar vão ao ar às terças-feiras. O poeta prefere não dar títulos a seus textos falados, todos improvisados, sem seguir um roteiro pré-pensado.


CANTO GERAL DE FERREIRA GULLAR. Amanhã, às 20h, no Canal Brasil.


Texto Anterior: Astrologia - Barbara Abramo
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.