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FILMES
Oshima, mon amour
PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se em "Max, Meu Amor"
(Telecine Happy, 21h),
Charlotte Rampling trai o
marido com um macaco, o
escândalo existe a partir da
zoofilia, e não da infidelidade. É o que aponta Nagisa
Oshima, uma vez que a excentricidade não estaria no
ato propriamente, mas
num olhar externo contaminado por um estatuto de
"normalidade".
No cinema dele, as figuras
pendulam entre o fisiológico e o ideológico, cedendo
ao impulso cientes das conseqüências da escolha.
O que não é o caso de Bob
Zemeckis, que acata a regra
e determina a seus personagens a assimilação pelo sistema. Caso do nerd de
"Forrest Gump" (Telecine
Emotion, 18h30), que peleja
ser "normal". A fábula,
aqui, funciona como veículo da ordem. E não é à toa
que a modernidade de Oshima seja tão mais atraente.
A Família Buscapé
Globo, 15h40.
(The Beverly Hillbillies). EUA, 1993, 94
min. Direção: Penelope Spheeris. Com
Jim Varney, Diedrich Bader, Cloris
Leachman, Lily Tomlin. Graças a um poço
de petróleo encontrado em suas terras,
os Buscapé trocam o interiorzão dos
Estados Unidos por Los Angeles.
Comédia passável, ainda que seu humor
exista apenas para mangar dos matutas
na cidade grande.
Planeta dos Macacos
Globo, 22h.
(Planet of the Apes). EUA, 2001, 119 min.
Direção: Tim Burton. Com Mark
Wahlberg, Tim Roth, Helena Bonham
Carter, Kris Kristofferson. Após ter sua
nave avariada, astronauta (Wahlberg) cai
em planeta onde os macacos usam
humanos como escravos. Ele será uma
ameaça ao clã símio, uma vez que sua
rebeldia desmorona o mito que sustenta
o governo primata. Ninguém percebeu a
dimensão política desta obra-prima de
Burton, comparando-a com o clássico de
Franklin Schaffner. E tampouco a figura
trágica (e extraordinária) do general
Thade (Roth), imbuído de preservar a tal
história oficial de seu povo, ou seja, a
memória da nação. 119 min. Inédito.
Uma Noite Muito Louca
Globo, 2h20.
(The Night Before, 1988). EUA, 1988.
Direção: Thom Ebenhardt. Com: Keanu
Reeves e Lori Loughlin. Reeves vive o
personagem que acorda, no meio da
noite, em um beco, sem a mínima idéia
de como foi parar ali. Daí em diante,
passa pelas confusões esperadas
enquanto vai recuperando a memória.
Filme escolhido no Intercine.
A Bela Face da Morte
Globo, 4h.
(The Stepsister). EUA, 1997. Direção:
Charles Correll. Com Rena Sofer e
Bridgette Wilson. Uma estudante de
psicologia (Sofer) encontra em casa um
belo objeto de estudo na pessoa da
enteada de seu pai, que, entre outras,
rouba-lhe o namorado e tenta seduzir o
próprio padrasto. O tema é um prato
cheio. Telefilme.
(PSL)
TV PAGA
Gullar improvisa crônicas em "Canto Geral"
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Multitarefas, o poeta Ferreira
Gullar é um dos cronistas do programa "Canto Geral", que traz
doses homeopáticas diárias sobre
assuntos escolhidos pelos próprios autores.
Gullar, também tradutor, crítico
de arte e teatrólogo, conta, por
exemplo, como começou a escrever para crianças. "Nunca havia
pensado em escrever poema para
crianças. Mas eu tenho um gatinho, que aliás se chama Gatinho, e
fiz um poema para ele", conta o
autor. Sua mulher sugeriu que
produzisse mais, e, logo, Gullar já
tinha um livro infantil.
Pediu, então, a seu neto Estevão,
que o ilustrasse. "Pensei que seria
legal, o avô faz o livro e o neto o
ilustra. Mas ele só desenhava animais em extinção", lamentou o
poeta, que emendou ainda um
poema, "Urubu", sobre seu novo
livro para crianças, "Bichos".
Além de falar sobre sua própria
produção, Gullar encosta em temas do dia-a-dia do Brasil, como
a relação da população com a Justiça. "Quando é morosa demais, é
como se não existisse", define o
autor. "Para o povo, é como se
não existisse", conclui. Ao final
dos cinco minutos da crônica sobre a Justiça, o autor adverte:
"Não sou especialista, mas essa é
uma preocupação de todos nós".
Em outra crônica Gullar conta o
caso de um conhecido que, depois
de salvar um bêbado, acabou parando na delegacia, pois era "uma
dessas pessoas boas demais". O
poeta se lembra de uma fábula de
La Fontaine, em que "um cara salva uma cobra enregelada e a leva
para a casa, perto da lareira.
Quando se recupera, a cobra tenta
mordê-lo, e ele a mata com um facão". Segundo Gullar, La Fontaine deu à história a seguinte moral:
"Deve-se fazer o bem sem olhar a
quem?". Em uma espécie de solução à pergunta de La Fontaine,
Gullar modificou um pouco a
moral em sua tradução e colocou-a como: "Deve-se fazer o certo,
mas tendo um facão por perto".
As crônicas de Gullar vão ao ar
às terças-feiras. O poeta prefere
não dar títulos a seus textos falados, todos improvisados, sem seguir um roteiro pré-pensado.
CANTO GERAL DE FERREIRA GULLAR.
Amanhã, às 20h, no Canal Brasil.
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