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Pintor dissidente usa sorriso como crítica
DE PEQUIM
Enquanto a arte feita na
Coreia do Norte projeta um
país feliz e unido, o artista
dissidente Sun Mu usa a mesma estética, aprendida nos
tempos de Exército, para criticar o regime de Kim Jong-il.
Radicado em Seul desde
2001, três anos depois de ter
fugido da Coreia do Norte via
China, Sun Mu, 37, usa um
nome fictício e nunca se deixa fotografar, alegando temor de represálias contra a
sua família.
Além do próprio Kim, a
principal vítima de sua ironia
é o sorriso que, diz ele, o governo obriga as pessoas a
portar em espaços públicos.
Sorriso que também é recorrente na pintura norte-coreana. Seu trabalho mais conhecido é a série "Crianças
Felizes", na qual o riso é espalhafatoso, cínico.
"As pessoas não têm nenhuma liberdade de expressão. A ideologia da criação
artística é guiada pelo "pensamento principal" do país",
disse Sun Mu anteontem, por
telefone, à Folha.
Há 20 anos trazendo quadros da Coreia do Norte para
a China, o empresário sino-coreano Piao Wenbin, 42,
confirma que, entre as várias
centenas de quadros que
passaram por suas mãos,
nunca viu uma crítica ao regime comunista.
"Lá, eles só elogiam", diz
Piao, que tem a galeria de Pequim mais antiga dedicada
apenas à Coreia do Norte.
Isso não quer dizer que os
artistas sejam ruins. "Eu admiro muito o professor que
me ensinou a pintar", diz
Sun Mu. "Mas eu não posso
lhe contar o nome dele."
(FM)
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