São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

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Pintor dissidente usa sorriso como crítica

DE PEQUIM

Enquanto a arte feita na Coreia do Norte projeta um país feliz e unido, o artista dissidente Sun Mu usa a mesma estética, aprendida nos tempos de Exército, para criticar o regime de Kim Jong-il.
Radicado em Seul desde 2001, três anos depois de ter fugido da Coreia do Norte via China, Sun Mu, 37, usa um nome fictício e nunca se deixa fotografar, alegando temor de represálias contra a sua família.
Além do próprio Kim, a principal vítima de sua ironia é o sorriso que, diz ele, o governo obriga as pessoas a portar em espaços públicos.
Sorriso que também é recorrente na pintura norte-coreana. Seu trabalho mais conhecido é a série "Crianças Felizes", na qual o riso é espalhafatoso, cínico.
"As pessoas não têm nenhuma liberdade de expressão. A ideologia da criação artística é guiada pelo "pensamento principal" do país", disse Sun Mu anteontem, por telefone, à Folha.
Há 20 anos trazendo quadros da Coreia do Norte para a China, o empresário sino-coreano Piao Wenbin, 42, confirma que, entre as várias centenas de quadros que passaram por suas mãos, nunca viu uma crítica ao regime comunista.
"Lá, eles só elogiam", diz Piao, que tem a galeria de Pequim mais antiga dedicada apenas à Coreia do Norte.
Isso não quer dizer que os artistas sejam ruins. "Eu admiro muito o professor que me ensinou a pintar", diz Sun Mu. "Mas eu não posso lhe contar o nome dele."
(FM)


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