|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Livrarias se diversificam para sobreviver
Lojas de rua alugam espaços para eventos e festas temáticas e vendem produtos como brinquedos e souvenirs
Quase metade fecha até três anos após abrir; estudo mostra que Brasil está aquém do desejado pela Unesco
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Elas são muitas e, longe
dos aluguéis caros dos shoppings, se espalham pelas
ruas. Porém, com arsenal de
investimento limitado, as livrarias independentes se
apertam em uma trincheira
no mercado de livros do país.
Segundo o Diagnóstico do
Setor Livreiro de 2009, divulgado na terça passada, elas
representam 63% do setor.
Dessas, 67% faturam até R$
350 mil por ano.
Apesar de ter crescido 10%
desde o último estudo, há
três anos, o total de livrarias
do Brasil ainda está distante
do desejável. Há uma para
cada 64 mil habitantes,
quando o proposto pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) é de
uma para cada 10 mil.
Além disso, segundo o presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Vítor
Tavares, metade fecha até
três anos após a abertura -a
maioria por conta de dificuldades de gestão.
Para sobreviver, as independentes se desdobram entre a hipersegmentação e a
oferta de outros produtos. A
Panapaná, da Vila Clementino, voltada para o segmento
infantil, tira metade do faturamento com a venda de
brinquedos educativos.
Além disso, cede espaço
para cursos e hospeda festas
infantis temáticas.
"Temos feito uma média
de uma por mês. O que fica
de dinheiro é o aluguel, e ela
faz com que mais pessoas
nos conheçam", afirmou a
dona, Celina Bodenmüller.
Aberta ano passado, a Lugar Pantemporâneo, no Jardim Paulista, já surgiu agregada a uma galeria de arte.
"Sobrevivemos mais de
eventos, como exposições",
disse a administradora, Denise Rocha. O que também
ajuda o caixa é o aluguel de
salas para empresas.
Desde 2007, o casal Daniela Baptista e Gualberto Costa
hospeda a HQMix na praça
Roosevelt. Para conseguir
clientes, a loja teve de se
adaptar ao pólo teatral da região. Aos fins de semana,
abre de madrugada.
CONCORRÊNCIA
O público heterogêneo fez
com que o catálogo de produtos fosse ampliado. Camisetas, "toy art" e lembrancinhas representam 20% do faturamento. "Tenho de ter algo para esse cliente que não é
fã de HQ", disse Baptista.
Um dos entraves para as
independentes é a concorrência com as grandes redes,
que, por comprarem em
grande escala, obtêm bons
descontos das editoras e os
repassam aos clientes.
Outro fator são magazines
que vendem best-sellers pela
metade do preço e repõem o
prejuízo com produtos de
margem de lucro maior.
Diante disso, a tendência é
que as pequenas virem prestadoras de serviço. "Elas precisam se tornar centros culturais", disse Tavares.
A ANL tenta emplacar o
projeto de lei do preço único,
que propõe a instituição de
valores tabelados para os livros no Brasil. Algo semelhante já ocorre na França como forma de proteger as livrarias independentes.
(AMANDA QUEIRÓS)
Texto Anterior: Diversidade dá o tom do Festival de Cinema Judaico Próximo Texto: Frase Índice
|