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Rebecca Horn questiona limites do corpo em mostra no CCBB
Retrospectiva da artista alemã chega a SP após passar pelo Rio
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Uma mulher se deita na
cama com o amante e enrosca as pernas nas dele. No
meio do Atlântico, pássaros
esgotados da longa travessia
despencam mortos no mar.
Não são coisas isoladas,
pelo menos na obra de Rebecca Horn, artista alemã
que abre hoje mostra no Centro Cultural Banco do Brasil.
Sua visão estende o corpo
para além de suas dimensões. São próteses maquínicas que extrapolam toda a
dor e o prazer que não cabem
na superfície da pele.
Também por não caber toda no espaço, a mostra que
estava no Rio chega em versão reduzida a São Paulo,
mas sem grande prejuízo. No
átrio, um piano de cauda está
pendurado como um lustre.
Não ilumina, mas cospe
fora e depois recolhe as próprias teclas num espasmo sonoro. É esperar para ver.
Horn cria um jogo de pausas e contratempos. Nada é
imediato, como o afeto entre
os homens. Hastes metálicas
com facas que soletram
"amor" se digladiam no ar
com o "ódio". Penas se arrepiam num pavão mecânico.
Engrenagens jogam tinta
sobre um quadro branco. Vozes saem de funis de cobre
que parecem brotar de uma
montanha de entulho. A presença humana se esconde
atrás da parafernália metálica, de polias e roldanas.
Enquanto uma máquina
de escrever soletra a palavra
"amor", braços de ferro sustentam ostras abertas em oferenda. É o corpo ausente de
Horn, na cama e no mar.
REBECCA HORN
QUANDO abertura hoje, às 19h; de
ter. a dom., das 10h às 20h
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado,
112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO grátis
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