CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Minutos antes da abertura da exposição "Antonio Callado: o Doce Radical", anteontem à tarde na Academia Brasileira de Letras, Ana Arruda Callado, viúva do escritor, teve uma surpresa: recebeu um poema raro do autor, "Tu e Meu Verso", escrito quando ele tinha 17 anos.
O presente foi dado por Jessé Cortines Peixoto, 83, amigo de Callado na adolescência.
O poema e uma crônica, "Utopia", foram publicados em 1934 no jornal "O Ensaio", feito pelos alunos do Ginásio Bittencourt Silva, onde os dois estudaram entre 1930 e 1935.
"Não gosto de colocar fora o que me traz reminiscências agradáveis e sempre tive muito carinho pela escola. Por isso guardei o jornal todos esses anos. Hoje, quando li que seria aberta a mostra, achei que era a hora de dar o presente para Ana", disse Peixoto.
"Callado nunca havia me falado de poesias. Até imaginava que ele pudesse ter escrito algumas, mas nunca tinha visto uma", disse Ana Arruda, emocionada.
O exemplar de "O Ensaio" causou uma reorganização nas vitrines. O jornal entrou no lugar de um cartão de natal enviado por Luiz Carlos Prestes em 1989, de uma dedicatória escrita por Gabriel García Márquez em 1986 e de uma carta de Carlos Drummond de Andrade de 1953. As cartas foram para outras vitrines.
A mostra foi aberta com uma leitura de trechos de 12 livros do autor, feita por sua filha, Tessy, e pelo ator Milton Gonçalves.
Na platéia estavam vários integrantes da ABL, da qual Callado fez parte entre 1994 e 1997.
Antes da leitura, o presidente em exercício da ABL, Carlos Nejar, disse que Callado "criou o rosto do Brasil contemporâneo".


Exposição: "Antonio Callado: o Doce Radical"
Quando: de segunda a sexta, das 13h às 18h; até 29 de setembro
Onde: Galeria Manuel Bandeira da ABL (av. Presidente Wilson, 203, centro, Rio)
Quanto: entrada franca.


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