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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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MÚSICA

Com o apoio da prefeitura a evento da AME, agência não libera seus artistas

"Racha" afasta DJs de parada de SP

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

A parada oficial de música eletrônica de São Paulo, que está no calendário da prefeitura, não poderá contar com alguns dos melhores DJs do país. É o reflexo de uma cisão ocorrida entre alguns dos personagens-chave do meio.
Essa espécie de racha começou em julho, quando a AME (Associação dos Amigos da Música Eletrônica, ONG recém-criada por DJs, produtores, jornalistas e representantes de núcleos de raves e clubes da cidade) anunciou a realização de um evento, com o apoio do governo municipal. A Parada AME São Paulo acontece em 26 de outubro, nas imediações do parque Ibirapuera e encerra a Semana Jovem da prefeitura.
O grupo responsável pela organização das seis edições da Parada da Paz -os empresários Luiz Eurico Klotz (Sponge Produções) e Edo Vanduym (agência de DJs Bulldozer) e a Mercatto, empresa que realiza o Mercado Mundo Mix- chama o novo empreendimento de "concorrência" e, por isso, está "orientando" os DJs da Bulldozer (entre eles Marky, Patife, Renato Cohen e Anderson Noise) a não participarem do evento. E promete realizar a Parada da Paz em 23 de novembro, perto do parque Villa-Lobos.
A AME afirma que decidiu criar sua parada para democratizá-la e barateá-la. "Muita gente que já participou da Parada da Paz não estava satisfeita. Era muito caro, custava quase R$ 8.000 para colocar um trio", argumenta Gaía Passarelli, presidente da associação. A Parada AME SP, cujas inscrições terminaram na semana passada, terá de 12 a 18 trios, bancados totalmente por patrocinadores -ou seja, os participantes receberão os carros gratuitamente.
A prefeitura resolveu transferir seu apoio à Parada AME porque esta "não tem fins lucrativos e há uma função social, de cidadania", diz Alexandre Youssef, 28, da Coordenadoria da Juventude.
"A prefeitura quer se apoderar da parada, estatizá-la. Não queremos que os nossos DJs toquem ali porque não compactuamos com esse tipo de coisa. Não acredito nessa história de "função social'", responde Klotz, 40.
A briga respinga para outros eventos já tradicionais da cidade, como o Lov.e por São Paulo, que organiza workshops e apresentações de DJs renomados na periferia. "Eles [o clube Lov.e e a prefeitura] ganham com imagem, têm patrocinadores. Por que teríamos que ceder de graça os nossos artistas?", diz Klotz. "Não temos patrocinadores, temos viabilizadores", responde Flávia Ceccato, 31, proprietária do Lov.e. "Eles [Bulldozer] não têm sensibilidade social. É uma pena que os jovens da periferia, que não têm muito dinheiro, não poderão ver esses DJs", afirma Youssef.

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