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MÚSICA
Com o apoio da prefeitura a evento da AME, agência não libera seus artistas
"Racha" afasta DJs de parada de SP
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A parada oficial de música eletrônica de São Paulo, que está no
calendário da prefeitura, não poderá contar com alguns dos melhores DJs do país. É o reflexo de
uma cisão ocorrida entre alguns
dos personagens-chave do meio.
Essa espécie de racha começou
em julho, quando a AME (Associação dos Amigos da Música Eletrônica, ONG recém-criada por
DJs, produtores, jornalistas e representantes de núcleos de raves e
clubes da cidade) anunciou a realização de um evento, com o
apoio do governo municipal. A
Parada AME São Paulo acontece
em 26 de outubro, nas imediações
do parque Ibirapuera e encerra a
Semana Jovem da prefeitura.
O grupo responsável pela organização das seis edições da Parada
da Paz -os empresários Luiz Eurico Klotz (Sponge Produções) e
Edo Vanduym (agência de DJs
Bulldozer) e a Mercatto, empresa
que realiza o Mercado Mundo
Mix- chama o novo empreendimento de "concorrência" e, por
isso, está "orientando" os DJs da
Bulldozer (entre eles Marky, Patife, Renato Cohen e Anderson
Noise) a não participarem do
evento. E promete realizar a Parada da Paz em 23 de novembro,
perto do parque Villa-Lobos.
A AME afirma que decidiu criar
sua parada para democratizá-la e
barateá-la. "Muita gente que já
participou da Parada da Paz não
estava satisfeita. Era muito caro,
custava quase R$ 8.000 para colocar um trio", argumenta Gaía Passarelli, presidente da associação.
A Parada AME SP, cujas inscrições terminaram na semana passada, terá de 12 a 18 trios, bancados totalmente por patrocinadores -ou seja, os participantes receberão os carros gratuitamente.
A prefeitura resolveu transferir
seu apoio à Parada AME porque
esta "não tem fins lucrativos e há
uma função social, de cidadania",
diz Alexandre Youssef, 28, da
Coordenadoria da Juventude.
"A prefeitura quer se apoderar
da parada, estatizá-la. Não queremos que os nossos DJs toquem ali
porque não compactuamos com
esse tipo de coisa. Não acredito
nessa história de "função social'",
responde Klotz, 40.
A briga respinga para outros
eventos já tradicionais da cidade,
como o Lov.e por São Paulo, que
organiza workshops e apresentações de DJs renomados na periferia. "Eles [o clube Lov.e e a prefeitura] ganham com imagem, têm
patrocinadores. Por que teríamos
que ceder de graça os nossos artistas?", diz Klotz. "Não temos patrocinadores, temos viabilizadores", responde Flávia Ceccato, 31,
proprietária do Lov.e. "Eles [Bulldozer] não têm sensibilidade social. É uma pena que os jovens da
periferia, que não têm muito dinheiro, não poderão ver esses
DJs", afirma Youssef.
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