|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÔNICA BERGAMO
GUARDA-ROUPA PRESIDENCIAL
Acervo Pessoal
|
O estilista tira as medidas de sua cliente mais famosa, Marisa Letícia da Silva, no Palácio |
"Fiz tudo de graça"
Quem pagou pelos 27 tailleurs e 15 ternos que o estilista
capixaba Ivan Aguilar fez para
a primeira-dama, Marisa Letícia, e o presidente Lula no ano
passado? Pelas declarações
contraditórias que o próprio
estilista já deu sobre o assunto, a confusão é grande. Primeiro ele disse que a Presidência arcou com os custos
-algo como R$ 30 mil, já que
ele cobra de R$ 800 a R$ 1.200
por peça. Logo se corrigiu: o
próprio presidente Lula teria
pago, com cheque e tudo. O
Palácio do Planalto, na época,
não contestou as declarações.
Agora, surge uma terceira explicação de Aguilar: as roupas
foram doadas ao casal. O Palácio do Planalto endossa a versão. Em SP para o lançamento
de sua coleção de verão, Aguilar falou à coluna:
Folha - Para esclarecer: quem
pagou as roupas do presidente
Lula e de dona Marisa? Você
primeiro declarou que foi a
Presidência.
Aguilar - Falei isso por uma
questão de ética. Sabe quando o
jornalista te pega de surpresa e
você fala uma besteira? Quando
eu comecei a dar entrevista sobre esse assunto, nunca pensei
que as pessoas fossem perguntar essa questão. Sabe como?
Então eu simplesmente falei:
vendia. E na verdade não era
vendido. Nada era vendido.
Folha - Mas depois você declarou à coluna que "é ele, presidente Lula, quem paga normalmente". Com cheque.
Aguilar - É, falei que ele dava
cheque e tudo.
Folha - Você disse também:
"Quando a dona Marisa quer
comprar mais do que pode, ele
[Lula] fala nada disso, nem pensar, está muito caro". Como se
ele pagasse pelas roupas.
Aguilar - Aconteceu o seguinte: fui a Brasília [no segundo semestre de 2004] levar roupas
para a primeira-dama. Dona
Marisa e eu ficamos o dia inteiro vendo roupa. Deixei 18 conjuntos com ela e ia cobrar, pela
primeira vez, pelas peças. Aí um
dos assessores [da Presidência]
me ligou e falou: "Ivan, o Lula
brigou com dona Marisa.
Achou que ela comprou demais. Ele quer que você volte
aqui para retirar algumas coisas
porque ela não vai ficar com tudo." Eu estava num compromisso e não pude passar lá para
pegar as roupas. No dia seguinte, voltei para Vitória (ES).
Folha - O presidente Lula já tinha pago pelas roupas?
Aguilar - Ele ia pagar depois.
Essa foi a única vez que eu cobrei. Estou falando a verdade
pura. Das outras vezes eu não tinha cobrado nada.
Folha - E você já tinha ido lá outras vezes?
Aguilar - Já, várias vezes. Era
sempre pouca encomenda, entendeu? Dois, três terninhos.
Não dava para eu cobrar. Presta
atenção: você está dando uma
roupa para o presidente e para a
dona Marisa. Você não cobra. E
aquilo redunda em estratégia de
marketing para você.
Folha - Você, afinal, pegou parte das roupas de volta?
Aguilar Eu fiz aquelas roupas
exclusivamente para ela, sob
medida. Não teria para quem
vender. Eu fiz as contas: fiz 18
peças. Se ela pagasse por três,
não cobriria nem o gasto da
costura, da linha. Então falei
[para a assessoria de Lula]: "Diz
para a dona Marisa que é tudo
presente".
Folha - E o cheque que o Lula teria dado a você?
Aguilar - Eu nunca recebi. Disse isso na época por uma questão de ética. Eu não queria que
parecesse que eles estavam tirando proveito de serem o casal
presidencial. Diante de Deus, é
a pura verdade. Me arrependo
amargamente de ter falado
aquilo. Falei por impulso. Depois combinei com com a assessora de imprensa de dona Marisa que ia falar toda a verdade.
Folha - Você então deu 27 terninhos para ela?
Aguilar - Foi mais ou menos
isso. Acho até que foi mais um
pouco.
Folha - Que prejuízo, hein?
Aguilar - Não foi prejuízo. O
retorno publicitário foi super-bacana. Por estratégia de marketing, eu teria dado até mais.
Folha - Nunca houve pagamento com cartão de crédito da Presidência?
Aguilar - Nunca houve. Nunca
conheci Delúbio [Soares, ex-tesoureiro do PT], nunca tinha
ouvido falar de [Marcos] Valério [publicitário que enviava recursos a petistas]. Nunca vi Delúbio na minha vida.
Folha - Calma, nem te perguntei isso.
Aguilar - É que uma coisa leva
à outra, né? Eu sei que você quer
chegar lá.
GERENTE
O ex-ministro José Dirceu anda elogiando a gestão de José
Serra (PSDB-SP) em São Paulo.
Já chegou a dizer que o prefeito
está melhorando a cidade.
LEGAL
Jeany Mary Corner vai regularizar suas atividades. Ela vai
abrir um escritório de verdade
em Brasília -até hoje, trabalhava em casa -e montar uma
empresa para pagar impostos.
Quer voltar a trabalhar em um
mês, depois que a confusão em
Brasília envolvendo seu nome já
for coisa, espera, do passado.
Quanto à sua lista de clientes...
"Não existe", diz o advogado Ismar de Freitas Junior. "Não tem
lista para ser entregue na CPI.
Nem de brincadeira", afirma.
EXTERIOR
De partida para Washington
(EUA), a empresária Cosette Alves não deve voltar tão cedo ao
Brasil. Pretende ficar por lá até o
fim de outubro. "Não vou
apoiar quem quer que seja com
jantares, reuniões ou recepções,
pois moro em outro país", diz.
Cosette se refere à possibilidade
de ajudar José Dirceu em contatos com empresários. "É inviável. Estarei longe."
GATINHAS E GATUNOS
O crime na era da malhação:
um casal de ladrões bem apessoados, vestindo roupas de ginástica de grife, tem circulado
pelas ruas dos Jardins nos finais
de semana. Já assaltaram moradores que fazem caminhada.
Principais alvos: Ipods, óculos
de grife e, claro, dinheiro.
AGUÁ NEGRRRÁ
"Água Negra", o filme de terror psicológico do brasileiro
Walter Salles, recebeu ontem
sua melhor crítica até agora, no
jornal francês de esquerda "Libération". O longa, aliás, é o primeiro da bilheteria francesa.
PRETÉRITO IMPERFEITO
A atriz Luciana Vendramini
batizou de "Retrogosto" o livro
que acabou de escrever sobre os
cinco anos que viveu com transtorno obsessivo compulsivo
(TOC). "Tô até com medo. É tudo muito trash", diz. "Vou falar
desde o dia em que enfiei um cabo de escova na garganta aos
dez dias que fiquei trancada em
casa sem comer."
@ - bergamo@folhasp.com.br
JOÃO LUIZ VIEIRA E DANIEL BERGAMASCO
CURTO-CIRCUITO
O guitarrista Junior Boca, o baixista Rian Batista e o baterista
Humberto Zigler tocam hoje, entre 19h e 22h, no restaurante
do Museu da Imagem e do Som.
A peça "A Viagem de Alice - do Céu ao Apocalipse", de Ricardo
Monteiro, estréia hoje, no teatro Paulo Eiró.
Paulo Maluf recebe hoje amigos em seu escritório da av. Europa
para celebrar, de véspera, seu aniversário.
O livro "O Poder que Vem do Seu Nome", de Aparecida Liberato
e Beto Junqueyra, caminha para a segunda edição.
Rosa Moraes e a Universidade Anhembi Morumbi promovem
hoje aula do estrelado chef paraense Paulo Martins.
A produtora Tecnopop lança hoje, na Fnac Paulista, o conjunto
de livro e DVD "Alexandre Wollner e a Formação do Design
Moderno no Brasil".
Texto Anterior: Cinema/Estréias: Documentário congela bossa nova no tempo Próximo Texto: Popload: Lá foi assim. Aqui vai ser... Índice
|