São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2010

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CRÍTICA RESTAURANTE

Serafina faz cozinha italiana familiar

Filial de casa nova-iorquina pertence a italianos que ficaram à deriva num passeio de barco

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Para uma fatia do público paulistano, o fato de abrir na cidade um restaurante que faz sucesso em Nova York (e ainda por cima com uma filial nos Hamptons) já é motivo para adesão imediata.
A prova está nas filas que já se formam à entrada do novo Serafina -que não bastasse a curiosidade produzida por seu pedigree nova-iorquino, abre em plena alameda Lorena, na área que alguns ainda chamam a Manhattan paulistana.
Embora não seja referência de gastronomia, o Serafina original tem uma trajetória de sucesso. Diz a história que nasceu da decisão de dois italianos -moradores de Nova York- que certa vez ficaram à deriva num passeio de barco.
Se fossem encontrados, combinaram eles (não está claro o porquê -estariam famintos?), abririam um restaurante com as melhores massas e pizzas do mundo. Não cumpriram a promessa de ser "a melhor", mas quanto a abrir um restaurante, não só o fizeram, em 1995, como a casa se multiplicou por seis nos Estados Unidos e agora chegou ao Brasil.
Aqui ela contou com a participação de um amigo dos proprietários, que a eles se associou, o armador italiano Davide Bernacca, 43 anos, há 18 no Brasil. Com ele estão outros três sócios oriundos do mercado imobiliário.
A casa ampla -que além de dois salões internos, tem uma área ao ar livre nos fundos e mesas na entrada que fazem a alegria dos fumantes- é equipada com um forno a lenha e decorada com afrescos que lembram os da matriz. Tem outro atrativo: fica aberta direto entre o almoço e o jantar.
O cardápio traz pratos italianos familiares ao público paulistano, com receitas desenvolvidas pelos fundadores. Sem contar com a grelha de lá (alimentada por madeira de árvores frutíferas), eles aqui são executadas pelo chef Ricardo di Camargo, 33, que já trabalhou com Laurent Suaudeau e no Pomodori.
No meio de toda aquela animação, em que desfilam shortinhos das meninas e cabelos grisalhos dos senhores, passam pratos às vezes sofríveis, como os anéis de lula empanados com molho picante (lulas duras, fritura engordurada, molho de tomate nada picante).
As massas são anunciadas no cardápio com o aviso de que são "preparadas como na Itália, al dente". No caso do espaguete, vem mais para crua e dura, mesmo.
Já as massas frescas têm melhor textura. Caso do palha e feno com molho de tomate, manjericão e creme de leite (um pouco só), do ravióli com ricota e espinafre ao molho de manteiga e sálvia, benfeito, e o nhoque com um molho pesto agressivo (menos quantidade e mais azeite poderiam dar mais elegância).
O peixe espada não tem gosto, parece aguado, servido com salada de rúcula. No contraponto, os escalopes de vitela ao limão-siciliano com brócolis e batatas salteadas com alecrim são melhores.
Na sobremesa, a torta de maçã-verde, mole e sem graça, vale pelo sorvete de canela com crocante de amêndoa que a acompanha. Mas você pode se salvar com o tiramisù.

josimar@basilico.com.br

SERAFINA
ENDEREÇO al. Lorena 1.705, Jardins, tel. 0/xx/11/3081-3702
FUNCIONAMENTO diariamente, das 12h à 0h
AMBIENTE confortável, com uma área aberta na entrada que é paraíso para fumantes
SERVIÇO bem esforçado, diante da multidão de clientes já nos primeiros dias
VINHOS 120 rótulos variados em adega climatizada
CARTÕES A, D, V e M
ESTACIONAMENTO com manobrista, R$ 15
PREÇOS entradas, de R$ 9 a R$ 65; pratos principais, de R$ 21 a R$ 104,24; sobremesas, de R$ 10 a R$ 25


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