São Paulo, Quinta-feira, 02 de Setembro de 1999
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RELÂMPAGOS
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JOÃO GILBERTO NOLL

Entrei na igreja e me postei na frente da imagem. Pus-me a mexer afoitamente os lábios, mãos recolhidas sob o queixo. A ruminar um silêncio cuja barra era o rendado do murmúrio. Só isso: uns arabescos rumorejando o que eu não conseguia pensar. Bateram-me no ombro. Um mendigo. Continuei firme no murmúrio, como se demonstrasse que só tinha aquilo. Da rua veio um estrondo. Gritaria. E o vago colapso que nos levou a sentar no banco carcomido por cupim. Ele abriu um embrulho bem sovado. O queijo fatiado espelhava o ouro do vitral.


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