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RELÂMPAGOS
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JOÃO GILBERTO NOLL
Entrei na igreja e me postei
na frente da imagem. Pus-me a mexer afoitamente os
lábios, mãos recolhidas sob
o queixo. A ruminar um silêncio cuja barra era o rendado do murmúrio. Só isso:
uns arabescos rumorejando
o que eu não conseguia pensar. Bateram-me no ombro.
Um mendigo. Continuei firme no murmúrio, como se
demonstrasse que só tinha
aquilo. Da rua veio um estrondo. Gritaria. E o vago
colapso que nos levou a sentar no banco carcomido por
cupim. Ele abriu um embrulho bem sovado. O queijo fatiado espelhava o ouro do vitral.
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