São Paulo, Quinta-feira, 02 de Setembro de 1999
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MPB
Começa temporada em que cantora registra obra do maestro em CD, que deve ser lançado em outubro
Gal, ou "Gracinha", grava Jobim ao vivo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local


Começa a nascer hoje o próximo disco de Gal Costa, 53, todo dedicado à obra do maestro Tom Jobim (1927-1994). Entre as quintas-feiras e domingos das próximas três semanas, ela grava o CD durante a temporada no Palace, em São Paulo, aberta ao público em geral.
Será o terceiro disco solo ao vivo da cantora baiana, que antes gravou "Fatal" (em 1971) e, mais recentemente, o retrospectivo "Acústico MTV" (1997). Comunicando-se com eles, ela brinca:
"Digo que será um show da Gracinha (seu nome real é Maria da Graça), porque me remete à época da bossa nova, ao tempo de antes da tropicália. A cantora daquela época ainda mora em mim, apesar de eu ter passado por muitas coisas desde aquela época."
Além de Gracinha, o novo projeto evoca a Gal de outros tempos ao voltar ao formato em que se dedica a interpretar um só compositor. Antes, ela destinara discos às obras de Dorival Caymmi (em 1976), Ary Barroso (em 1980) e, num CD misto, Caetano Veloso e Chico Buarque (em 1995).
"É importante para uma cantora da minha estirpe interpretar um compositor do porte de Tom. Acho que esse é o papel do intérprete, cantar os grandes compositores com sofisticação", afirma.
Ela justifica a escolha de Jobim: "São muitas as razões. Eu tinha um projeto com ele, que infelizmente não foi concretizado. Sou muito influenciada por ele e por João Gilberto, tudo que canto parece bossa nova. E ele é meu ídolo, meu ponto de referência, tenho uma identidade radical com Tom".
Para levar a cabo o "Gal Costa Canta Tom Jobim", que deve ir às lojas de discos em outubro, a cantora baiana se associou ao diretor teatral José Possi Neto, que dirige o show e se responsabiliza por cenário e iluminação.
A direção musical e os arranjos são de Cristóvão Bastos, e a formação musical inclui bateria (por Jurin Moreira), contrabaixo (André Neiva), percussão (Sidinho Moreira), piano (Cristóvão Bastos), sax (José Canuto), violão (Marcus Teixeira) e violoncelo (Iura Ranevsky).
Gal fala sobre o critério de seleção das canções (leia quadro com o repertório ao lado): "Procurei pegar algumas canções pré-bossa nova, passando pela bossa propriamente dita e chegando às composições mais atuais dele. O critério foi de escolher as que eu mais gostava mesmo".
Não houve, segundo ela, a preocupação de procurar por canções inusitadas do autor. "A única canção menos conhecida é "Esquecendo Você", que Sylvia Telles gravou num disco só de músicas de Tom e Vinicius."
Sobre o desafio de gravar outra vez as mais que regravadas "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Desafinado" e "Águas de Março", ela diz: "Ninguém pode mexer em Tom Jobim. Não posso fazer um reggae de "Garota de Ipanema". Você quer que eu vá gritar cantando Tom Jobim? É um show simples, delicado. Vou cantar, apenas".
Sem se comprometer a se manter no rumo dos discos de autor, que ela diz que todo intérprete deveria fazer, especula sobre os que ainda pensa em realizar: "Há o projeto com Paulinho da Viola, e gostaria de me debruçar sobre a obra de Assis Valente". Por enquanto, quem pede passagem é a bossa nova.


Show: Gal Costa Canta Tom Jobim Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 0/xx/11/5051-4900) Quando: quintas, às 21h30, sextas e sábados, às 22h, e domingos, às 20h; de hoje até 19 de setembro Quanto: de R$ 25 a R$ 60

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