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MPB
Começa temporada em que cantora registra obra do maestro em CD, que deve ser lançado em outubro
Gal, ou "Gracinha", grava Jobim ao vivo
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Começa a nascer hoje o próximo disco de Gal Costa, 53, todo
dedicado à obra do maestro Tom
Jobim (1927-1994). Entre as quintas-feiras e domingos das próximas três semanas, ela grava o CD
durante a temporada no Palace,
em São Paulo, aberta ao público
em geral.
Será o terceiro disco solo ao vivo
da cantora baiana, que antes gravou "Fatal" (em 1971) e, mais recentemente, o retrospectivo
"Acústico MTV" (1997). Comunicando-se com eles, ela brinca:
"Digo que será um show da
Gracinha (seu nome real é Maria
da Graça), porque me remete à
época da bossa nova, ao tempo de
antes da tropicália. A cantora daquela época ainda mora em mim,
apesar de eu ter passado por muitas coisas desde aquela época."
Além de Gracinha, o novo projeto evoca a Gal de outros tempos
ao voltar ao formato em que se
dedica a interpretar um só compositor. Antes, ela destinara discos às obras de Dorival Caymmi
(em 1976), Ary Barroso (em 1980)
e, num CD misto, Caetano Veloso
e Chico Buarque (em 1995).
"É importante para uma cantora da minha estirpe interpretar
um compositor do porte de Tom.
Acho que esse é o papel do intérprete, cantar os grandes compositores com sofisticação", afirma.
Ela justifica a escolha de Jobim:
"São muitas as razões. Eu tinha
um projeto com ele, que infelizmente não foi concretizado. Sou
muito influenciada por ele e por
João Gilberto, tudo que canto parece bossa nova. E ele é meu ídolo,
meu ponto de referência, tenho
uma identidade radical com
Tom".
Para levar a cabo o "Gal Costa
Canta Tom Jobim", que deve ir às
lojas de discos em outubro, a cantora baiana se associou ao diretor
teatral José Possi Neto, que dirige
o show e se responsabiliza por cenário e iluminação.
A direção musical e os arranjos
são de Cristóvão Bastos, e a formação musical inclui bateria (por
Jurin Moreira), contrabaixo (André Neiva), percussão (Sidinho
Moreira), piano (Cristóvão Bastos), sax (José Canuto), violão
(Marcus Teixeira) e violoncelo
(Iura Ranevsky).
Gal fala sobre o critério de seleção das canções (leia quadro com
o repertório ao lado): "Procurei
pegar algumas canções pré-bossa
nova, passando pela bossa propriamente dita e chegando às
composições mais atuais dele. O
critério foi de escolher as que eu
mais gostava mesmo".
Não houve, segundo ela, a preocupação de procurar por canções
inusitadas do autor. "A única canção menos conhecida é "Esquecendo Você", que Sylvia Telles
gravou num disco só de músicas
de Tom e Vinicius."
Sobre o desafio de gravar outra
vez as mais que regravadas "Garota de Ipanema", "Chega de Saudade", "Desafinado" e "Águas de
Março", ela diz: "Ninguém pode
mexer em Tom Jobim. Não posso
fazer um reggae de "Garota de
Ipanema". Você quer que eu vá
gritar cantando Tom Jobim? É
um show simples, delicado. Vou
cantar, apenas".
Sem se comprometer a se manter no rumo dos discos de autor,
que ela diz que todo intérprete deveria fazer, especula sobre os que
ainda pensa em realizar: "Há o
projeto com Paulinho da Viola, e
gostaria de me debruçar sobre a
obra de Assis Valente". Por enquanto, quem pede passagem é a
bossa nova.
Show: Gal Costa Canta Tom Jobim
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213,
Moema, tel. 0/xx/11/5051-4900)
Quando: quintas, às 21h30, sextas e
sábados, às 22h, e domingos, às 20h; de
hoje até 19 de setembro
Quanto: de R$ 25 a R$ 60
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