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FREE JAZZ
Saxofonista e flautista norte-americano diz à Folha que o que ele toca é world music e que já esteve no Brasil
'Adoro a música brasileira', diz Sanders
CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha
Pharoah Sanders é saxofonista,
flautista e "arranha" vários instrumentos. Mas foi com o saxofone que esse senhor de 57 anos, nascido em Little Rock, Arkansas, integrou a banda de John Coltrane
entre 65 e 67, em sua fase mais mística e radical.
Tocou com Dewey Redman (pai
do saxofonista Joshua), Don
Cherry (padrasto da cantora Neneh), Ornette Coleman e Sun Ra,
mas odeia ser chamado de músico
de jazz.
"Não sou um músico de jazz. Eu
faço world music", disse, em entrevista à Folha por telefone, de
sua casa, em Nova York, na última
terça, enquanto cozinhava.
Seu último CD, "Message From
Home", lançado em 96, é repleto
de beats hipnóticos, em que o tradicional se mistura ao novo, resultando em suingados mantras
pós-modernos.
Os harmônicos de seu sax poderão ser ouvidos no Free Jazz, dia 11,
em São Paulo, no Bourbon Street;
e dia 12, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna.
Folha - No seu último trabalho,
"Message from Home", percebe-se cantos que assemelham-se
aos dos Bayaka, pigmeus africanos. Você os conhece?
Pharoah Sanders - Andei pela
África um tempo e conheci alguma
coisa dos pigmeus, mas não me
lembro se são esses.
Folha - Nesse mesmo CD, há um
tema chamado Kumba. O que é
Kumba?
Sanders - Não sei.
Folha - Há, no mesmo tema, uma
letra. O que ela diz?
Sanders - Não sei (rindo). Eles
cantam em outra língua. Um momento, por favor... Desculpe, é que
estou cozinhando. Vou ser sincero
com você, não sei o que cantam.
Folha - Qual é sua relação com
música?
Sanders - Adoro tocar música,
mas não sou uma pessoa que quer
saber música. Apenas quero tocar,
para deixar minha mensagem.
Folha - Qual o nome que você dá
ao tipo de música que você faz?
Sanders - Não sou um músico
de jazz. Eu faço world music.
Folha - O que você acha da música brasileira?
Sanders - Eu adoro essa música. É a segunda vez que vou ao Brasil e...
Folha - Quando você esteve
aqui?
Sanders - Isso foi em 1988, talvez em 89... Não me lembro muito
bem, mas tocamos e não recebemos.
Folha - Onde e como foi isso?
Sanders - Não me lembro, era
um grande hotel, e foi alguma coisa mal empresariada... Mas isso
ocorre em todo o mundo.
Folha - O que você quer tocar para nós?
Sanders - Isso será uma surpresa (rindo).
Folha - Você trará Hamid Drake
(baterista) com você?
Sanders - Eu o adoro. Ele pode
tocar qualquer tipo de coisa. Mas,
infelizmente, ele está fazendo um
outro trabalho e não poderá ir.
Não escolhi quem irá ainda. Amanhã, vou decidir quem irá comigo.
Folha - O que você espera do futuro?
Sanders - Espero fazer um disco com músicos brasileiros, porque vocês têm músicos formidáveis aí.
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