São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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ILUSTRADA

Norte-americano, famoso pelos retratos de celebridades e ensaios de moda, sofreu hemorragia cerebral no Texas

Morre aos 81 o fotógrafo Richard Avedon

DA REDAÇÃO

Morreu ontem o fotógrafo norte-americano Richard Avedon, cujos retratos e ensaios de moda ajudaram a definir uma imagem de estilo, beleza e cultura dos Estados Unidos nos últimos 50 anos. Ele tinha 81 anos e havia sofrido uma hemorragia cerebral no último sábado na cidade de San Antonio, Texas, onde produzia material sobre as eleições presidenciais norte-americanas para a revista "The New Yorker".
"Nós perdemos uma das grandes imaginações visuais da última metade de século", afirmou David Remnick, editor da publicação.
Durante o período em que a moda se transformava e entrava em um processo de popularização, as fotos de Avedon conseguiram injetar vida e dramatizar retratos de estilos distintos, fosse a sofisticação de Milão ou o pragmático estilo esportivo desenhado em Nova York. Indo do realismo à fantasia, com toques de experimentalismo, seu modo de trabalhar chegou a servir de inspiração para o personagem Dick Avery, interpretado por Fred Astaire no filme "Cinderela em Paris" (1957).
Com seus retratos, Avedon também delineou os parâmetros que definiam uma celebridade -se alguém era capturado por suas lentes, certamente era famoso. Uma multidão de fotógrafos tentou replicar sua assinatura, que ficou conhecida como o "estilo Avedon". Em uma reportagem de 2002, o jornal "The New York Times" o intitulou "o fotógrafo mais famoso do mundo".
Museus importantes como o Metropolitan de Nova York e a National Gallery de Washington exibiram retrospectivas de Avedon, que também emprestava sua marca em campanhas publicitárias de empresas como Revlon e Christian Dior.
"Eu já fotografei quase todo mundo", disse Avedon uma vez. "Mas o meu objetivo é fotografar pessoas que signifiquem algo, não celebridades, e ajudar a determinar essa diferença."
Seus retratos de Charles Chaplin, do poeta Ezra Pound e do escritor Allen Ginsberg e principalmente de Marilyn Monroe ajudaram a construir a fama de Avedon como um fotógrafo que tinha a capacidade de penetrar uma imagem pública cuidadosamente construída.
Quando ele começou a trabalhar para a "New Yorker" em 1992 -que até então não dava destaque às fotos em suas edições-, o jornal "USA Today" afirmou que ter Avedon como fotógrafo contratado era como chamar Michelangelo para pintar uma casa.
Entre os fotografados por Avedon para a revista estão a senadora Hillary Clinton, os escritores Saul Bellow e Toni Morrison e o atual candidato democrata à presidência norte-americana, John Kerry. Seu arquivo, com imagens da atriz Audrey Hepburn e do bailarino Rudolf Nureyev, também foi usado pela "New Yorker".
Apesar de associado ao glamour da moda, Avedon também desenvolveu um trabalho de apoio à defesa dos direitos civis e de outras causas sociais. Em meados da década de 60, treinou jovens fotógrafos negros com intuito de registrar as marchas e protestos no sul dos Estados Unidos.
A partir dos anos 70, se dedicou a capturar um crescente senso de desilusão sobre as possibilidades do "american way of life". Quando voltou do oeste norte-americano com retratos de ex-detentos, alcoólatras e pessoas com duras histórias de vida, seu trabalho foi considerado cínico pelos críticos.
"Minhas fotografias não vão além da superfície. Elas são leituras do que está na superfície. Eu tenho grande fé em superfícies. Uma boa superfície está cheia de pistas", afirmou.


Com o "New York Times" e agências internacionais


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