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TELEVISÃO
Personagem de Ziraldo protagoniza seriado com 26 capítulos na TVE; Cao Hamburguer e Anna Muylaert assinam roteiro
Menino Maluquinho ganha série na TV
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O personagem mais famoso da
literatura infantil brasileira mudou de cara e, a partir de novembro, o Menino Maluquinho vai
aparecer pela primeira vez na televisão de cabelo ruivo, numa série
de 26 capítulos da TVE Brasil -a
produção negocia a exibição em
outras emissoras.
Ele está diferente dos conhecidos traços do cartunista Ziraldo e
do que já foi exibido nos cinemas.
Mas sua casa, cujo cenário foi
construído num estúdio da zona
oeste do Rio de Janeiro, onde
acontecem as gravações, é familiar: o quarto vive bagunçado; os
brinquedos, espalhados; as fotos
enfeitam as paredes e as estantes.
Os móveis da sala, do escritório,
da cozinha, do quarto e do banheiro são envelhecidos, e os eletrodomésticos e livros, usados.
Tudo, segundo o diretor da atração, César Rodrigues, ajuda a imprimir realidade ao programa. "É
um personagem muito conhecido, porém muito jovem e brasileiro. O grande mérito da série é estar centrado no livro. É uma história de vida", diz ele, que também será o diretor do terceiro filme do personagem para o cinema, que deve ser feito em 2006.
Escovar os dentes, fazer xixi, o
primeiro dia de aula, a hiperatividade infantil, a primeira namorada, as diferenças entre os amigos,
o incentivo à leitura e as brincadeiras saudáveis em família são
hábitos da vida "maluquinha".
As histórias do dia-a-dia da típica família de classe média foram
costuradas no roteiro criado por
Cao Hamburguer e Anna Muylaert, a mesma dupla de "Castelo
Rá-Tim-Bum" (1995), o premiado e elogiado programa infantil
exibido na TV Cultura até hoje.
A equipe de produção do "Menino Maluquinho" é praticamente a mesma, ao menos nas bases,
tendo à frente do projeto Beth
Carmona e Rosa Crescente, presidente e diretora de programação
da TVE, respectivamente.
Maluquinho, que na história
original tem 10 anos, será mostrado em três fases: uma antes, de referência, aos 5 anos (Felipe Severo); na idade do personagem (Pedro Saback); e, depois, aos 30 anos
(ator indefinido). "O último [que
aparecerá em depoimentos no
meio das tramas] serve como
aglutinador de todas as histórias,
como uma reflexão do que ele fez
na infância e do que é atualmente", afirma o diretor.
A série é uma oportunidade de
resgatar o papel da emissora, que
é educar, segundo Carmona, que
tem promovido nos últimos dois
anos uma bem-sucedida reestruturação no canal. "Fazemos um
programa comprometido com o
que achamos que deva ser uma
TV pública no país. É a possibilidade de oferecer algo desenvolvido originalmente. Temos um
compromisso histórico com isso", diz Carmona.
Não é a primeira vez que a TVE
aposta em Ziraldo para produzir
um infantil. Em 1998, gravou 20
episódios de "A Turma do Pererê", exibido até hoje na TV.
De lá para cá, nada tão significativo quanto "O Menino Maluquinho" -um investimento de R$ 7
milhões com parte dos recursos
do MinC e que ainda procura patrocínio da iniciativa privada por
meio de incentivos fiscais- foi
feito. "A gente já trabalhou com
outros programas que fizeram sucesso entre as crianças. Mas, desta
vez, a gente quis trazer a literatura
para a TV como homenagem ao
Ziraldo, aos pais e às crianças",
diz Crescente.
Uma placa na porta do quarto
avisa: "Atenção: Maluquinho". "É
um menino que tem uma infância
normal. Ele não é um herói; é um
menino feliz, por isso é maluquinho", diz Rodrigues. "É um misto
de criatividade com liberdade na
condução da própria vida, da resolução de problemas, na tristeza
ou na alegria. Dar limites é diferente de limitar", diz Carmona.
"O Menino Maluquinho" da
TVE tem no elenco Eduardo Galvão (pai), Maria Mariana (mãe) e
Ilva Nino (Irene), entre outros.
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