São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

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COLEÇÃO FOLHA

Música de câmara é o destaque no lançamento da semana que vem, com "Rosamunde", do compositor austríaco

Próximo volume reúne "citações" de Schubert

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na semana que vem, a Coleção Folha de Música Clássica dá uma pausa nas grandes obras sinfônicas para se concentrar em um gênero intimista: a música de câmara, por meio de um de seus criadores mais prolíficos, o austríaco Franz Schubert (1797-1828).
A música de câmara leva este nome justamente por sua execução se prestar mais a uma pequena sala, aposento ou câmara do que às vastidões das grandes salas de concerto. Costuma ser executada por grupos que variam entre dois e dez instrumentistas, dispensando a presença do maestro.
Talvez a formação mais consagrada da música de câmara seja o quarteto de cordas, com dois violinos, uma viola e um violoncelo. O gênero se consolidou com Franz Joseph Haydn (1732-1809) e foi abordado com grande maestria pelos autores que atuaram em Viena depois dele, como Mozart, Beethoven e Schubert.
Schubert escreveu 15 quartetos de cordas, reaproveitando em alguns deles temas de composições anteriores. Assim é que seu "Quarteto nš 13" ficou conhecido como "Rosamunde", porque, no segundo movimento, Schubert recicla o tema de um balé homônimo composto anteriormente.
Não é a única citação desse quarteto. No movimento seguinte, emprega outro tema de sua autoria; desta vez, o lied "Os Deuses da Grécia", sobre um poema de Schiller, que traz uma pergunta angustiada: "Schöne Welt, wo bist du?" (Belo Mundo, onde estás?).
O lied era a canção romântica germânica, na qual se integravam a voz, o texto e o acompanhamento pianístico. Das mais de 900 obras que Schubert escreveu em seus escassos 31 anos de vida, cerca de 600 eram canções desse tipo. Ao lado das peças de música de câmera, o lied era a grande atração das Schubertíades, noitadas promovidas por seus amigos que eram regadas a criações dele.
Assim sendo, não surpreende que, além do quarteto "Rosamunde", Schubert tenha citado temas de seus famosos lieder (plural de lied) em outros trabalhos de sua autoria. É o caso, por exemplo, do quinteto "A Truta".
Trata-se de uma obra despretensiosa, descontraída e rica em melodias, que Schubert escreveu durante férias de verão para ser tocada por amigos que eram musicistas amadores. Sua formação não é tradicional: reúne piano, violino, viola, violoncelo e contrabaixo. O quinteto leva esse nome porque, em seu quarto movimento, Schubert faz uma série de variações sobre a melodia de "A Truta", singelo lied que relata uma pescaria, com simpatia pelo pobre peixe que é fisgado.

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