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COLEÇÃO FOLHA
Música de câmara é o destaque no lançamento da semana que vem, com "Rosamunde", do compositor austríaco
Próximo volume reúne "citações" de Schubert
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na semana que vem, a Coleção
Folha de Música Clássica dá uma
pausa nas grandes obras sinfônicas para se concentrar em um gênero intimista: a música de câmara, por meio de um de seus criadores mais prolíficos, o austríaco
Franz Schubert (1797-1828).
A música de câmara leva este
nome justamente por sua execução se prestar mais a uma pequena sala, aposento ou câmara do
que às vastidões das grandes salas
de concerto. Costuma ser executada por grupos que variam entre
dois e dez instrumentistas, dispensando a presença do maestro.
Talvez a formação mais consagrada da música de câmara seja o
quarteto de cordas, com dois violinos, uma viola e um violoncelo.
O gênero se consolidou com
Franz Joseph Haydn (1732-1809)
e foi abordado com grande maestria pelos autores que atuaram em
Viena depois dele, como Mozart,
Beethoven e Schubert.
Schubert escreveu 15 quartetos
de cordas, reaproveitando em alguns deles temas de composições
anteriores. Assim é que seu
"Quarteto nš 13" ficou conhecido
como "Rosamunde", porque, no
segundo movimento, Schubert
recicla o tema de um balé homônimo composto anteriormente.
Não é a única citação desse
quarteto. No movimento seguinte, emprega outro tema de sua autoria; desta vez, o lied "Os Deuses
da Grécia", sobre um poema de
Schiller, que traz uma pergunta
angustiada: "Schöne Welt, wo bist
du?" (Belo Mundo, onde estás?).
O lied era a canção romântica
germânica, na qual se integravam
a voz, o texto e o acompanhamento pianístico. Das mais de 900
obras que Schubert escreveu em
seus escassos 31 anos de vida, cerca de 600 eram canções desse tipo.
Ao lado das peças de música de
câmera, o lied era a grande atração das Schubertíades, noitadas
promovidas por seus amigos que
eram regadas a criações dele.
Assim sendo, não surpreende
que, além do quarteto "Rosamunde", Schubert tenha citado temas
de seus famosos lieder (plural de
lied) em outros trabalhos de sua
autoria. É o caso, por exemplo, do
quinteto "A Truta".
Trata-se de uma obra despretensiosa, descontraída e rica em
melodias, que Schubert escreveu
durante férias de verão para ser
tocada por amigos que eram musicistas amadores. Sua formação
não é tradicional: reúne piano,
violino, viola, violoncelo e contrabaixo. O quinteto leva esse nome
porque, em seu quarto movimento, Schubert faz uma série de variações sobre a melodia de "A
Truta", singelo lied que relata
uma pescaria, com simpatia pelo
pobre peixe que é fisgado.
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