|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Pai deve orientar filho a escolher"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
"Criança vê toda a programação da televisão, inclusive novela.
Isso preocupa", diz a pesquisadora Raquel Paiva, 45, professora de
Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e
uma das organizadoras do livro
"Remoto Controle", lançado no
ano passado com uma série de
análises sobre a programação infantil.
"As histórias trazem aspectos
muito negativos da vida. Mas ainda acho piores os seriados da TV
norte-americana que passam
aqui", diz. Ela, que tem uma filha
de 14 anos, conta que os pais não
conseguem controlar mais o que
as crianças devem ou não assistir.
Antes, segundo ela, a preocupação era com a violência nos desenhos animados e o erotismo na
televisão. "A audiência televisiva
entre crianças e adolescentes mudou. Se ontem eles se concentravam num determinado tipo de
produção, hoje eles assistem tudo.
A gente perdeu a referência sobre
o que é bom ou ruim. A pergunta
que devemos fazer é que tipo de
cognição você consegue com esses produtos."
Uma das soluções que a pesquisadora propõe é mostrar, cada vez
mais, como são produzidos os
programas, para que o público infantil aprenda a separar realidade
de ficção (ou fantasia). "É preciso
quebrar o fascínio, o mistério e a
edição, promovendo um resgate
para o real e o concreto. Acho que
seria ideal", diz.
Também vale promover uma
leitura crítica do que se vê na TV.
"Proibir não vai adiantar. Pais
têm a ilusão de que os filhos estão
por fora do que acontece. Não
acho difícil educar hoje em dia. É
preciso, no entanto, estar presente o tempo todo. O jeito, então, é
educar a criança e o adolescente
para como assistirão à televisão",
afirma.
Para Sirlene Reis, 44, diretora-executiva do instituto Mídiativa,
valores fundamentais na formação não são tratados na TV. "A
programação não avançou muito
e continua com sérios problemas,
como falta de opção, falta de horário e falta de inovação", afirma.
A ONG realiza anualmente uma
pesquisa com crianças e adolescentes que aponta os programas
mais indicados tanto para o público quanto para os anunciantes.
No ano passado, o "MídiaQ" elegeu "Castelo Rá-Tim-Bum" (de 4
a 7 anos) e "A Grande Família"
(de 12 a 17 anos). Não houve prêmio na categoria 8 a 11 anos porque os programas indicados não
atendiam aos critérios exigidos.
Segundo os "Dez Mandamentos" da Mídiativa, os programas
devem confirmar valores, incentivar a auto-estima, preparar para a
vida, gerar curiosidades, não ser
apelativo, ser saudavelmente
atraente, despertar o senso crítico,
mostrar a realidade, gerar identificação e estimular a brincadeira.
"É notório que a criança prefere
ver um programa para ela em relação ao programa adulto. Ela pode até ter curiosidade. Mas faltam
opções e investimentos nesse segmento", diz Reis.
Mudança na lei
Outra opção, apontada por especialistas, é o novo sistema de
classificação indicativa, que está
em discussão no Ministério da
Justiça.
Anteontem, começou em Brasília uma série de audiências públicas que segue até novembro por
todo o país para debater alterações na lei atual, que dá a classificação, o horário sugerido e a maneira de apresentar tal indicação
nos programas. Até lá, é possível
também participar da consulta
pública, respondendo ao questionário disponível no site
www.mj.gov.br/classificacao/consultatv.
(MB)
Texto Anterior: Maria Mariana vive mãe de personagem Próximo Texto: Coleção Folha: Próximo volume reúne "citações" de Schubert Índice
|