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Produtor do De La Soul toca em SP
Responsável pelos três discos clássicos do trio norte-americano, Prince Paul é destaque do evento Sub Rap Combo
Artista inseriu bom humor no hip hop e produziu discos de Chris Rock que ganharam o Grammy; nos shows, promete tocar rap e r&b
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um personagem fundamental para a história do hip hop
passará por São Paulo nesta semana. O produtor e DJ norte-americano Prince Paul é o principal convidado do Sub Rap
Combo, minifestival que percorrerá três unidades do Sesc.
Além dele, o evento terá o também americano Scotty Hard e
os brasileiros Mamelo Sound
System e MC Akin.
E o que tem esse príncipe de
tão especial? Vamos lá: Prince
Paul é o produtor dos três primeiros -e clássicos- discos do
De La Soul; um dos criadores de
dois superprojetos de rap, The
Gravedigazz e Handsome Boy
Modeling School; e responsável
pelos CDs do comediante Chris
Rock que ganharam o Grammy.
Ah!, e foi ele quem criou o
"hip hop skit", uma espécie de
comédia de esquetes que aparece nos discos de rap, com diálogos interpretados pelos MCs.
Isso foi feito pela primeira vez
no álbum de estréia do De La
Soul, "3 Feet High and Rising"
(1989), e, depois, adotado por
rappers como Ice-T, Snoop
Doog, Kanye West e Jay-Z.
"Era como atuar com o conteúdo da música", conta Paul.
"Depois do disco do De La Soul,
muitas pessoas começaram a
usar esse recurso." Foi em parte por causa dessa invenção que
o trio terminou a parceria com
o produtor. "Eles queriam mudar o som, fazer algo menos "infantil", mais sério. Concluímos
que o melhor a fazer para continuarmos amigos era não trabalharmos juntos", diz.
Prince Paul, 39, é dos tempos
em que o hip hop nem tinha esse nome, na década de 70. "Não
o considerávamos um movimento. Saíamos para ver os DJs
tocarem nas festas, e eles tinham dois pick-ups, mixers e
caras rimando no microfone",
lembra. "Cresci no meio disso.
Na época, as crianças queriam
ser DJs, MCs. Foi assim com
toda a vizinhança."
Paul começou a discotecar
no final dos anos 1980 como DJ
do Steatsasonic, um dos primeiros grupos de rap a tocar
com uma banda e fazer o que se
chama de "rap consciente". No
final da década, iniciou a carreira de produtor com o De La
Soul e fez história. Além de fazer o disco de vários rappers,
tem quatro CDs solo, "Psychoanalysis" (1997), "Prince Among
Thieves" (1999), "Politics of the
Business" (2003) e "istTRUmental" (2005).
Dos trabalhos em que está
envolvido, o que mais o empolga é o projeto com Bernie Worrell, tecladista das clássicas
bandas de funk Parliament e
Funkadelic. Os shows aqui, diz
ele, terão um pouco disso tudo:
"clássicos do hip hop e r&b".
Quase famoso
Com esse currículo, era de se
esperar que Paul fosse um produtor superstar como Jay-Z.
Mas ele está longe disso, ou melhor, está "entre o "mainstream"
e o underground".
"Não faço as coisas para serem um sucesso. O que fiz com
o Chris Rock, por exemplo, tinha a intenção de ser divertido,
mas acabou ganhando o
Grammy. Muitas músicas que
produzi, incluindo as do De La
Soul, não eram um hit, mas se
tornaram. Algumas vezes tive
sorte, outras, falhei."
Incrivelmente bem-humorado, inclusive durante a conversa com a Folha, Prince Paul não vê nada de mal no movimento cultural que ajudou a
construir ser mais conhecido
pelo estereótipo de rapazes
com cara de mau e moças gostosonas. "Antes, principalmente nos Estados Unidos, o hip hop era uma coisa de negros e
latinos. Hoje, é de todos. Somente pelo fato de ter unido
todas as raças foi ótimo."
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