São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Produtor do De La Soul toca em SP

Responsável pelos três discos clássicos do trio norte-americano, Prince Paul é destaque do evento Sub Rap Combo

Artista inseriu bom humor no hip hop e produziu discos de Chris Rock que ganharam o Grammy; nos shows, promete tocar rap e r&b

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um personagem fundamental para a história do hip hop passará por São Paulo nesta semana. O produtor e DJ norte-americano Prince Paul é o principal convidado do Sub Rap Combo, minifestival que percorrerá três unidades do Sesc. Além dele, o evento terá o também americano Scotty Hard e os brasileiros Mamelo Sound System e MC Akin.
E o que tem esse príncipe de tão especial? Vamos lá: Prince Paul é o produtor dos três primeiros -e clássicos- discos do De La Soul; um dos criadores de dois superprojetos de rap, The Gravedigazz e Handsome Boy Modeling School; e responsável pelos CDs do comediante Chris Rock que ganharam o Grammy.
Ah!, e foi ele quem criou o "hip hop skit", uma espécie de comédia de esquetes que aparece nos discos de rap, com diálogos interpretados pelos MCs. Isso foi feito pela primeira vez no álbum de estréia do De La Soul, "3 Feet High and Rising" (1989), e, depois, adotado por rappers como Ice-T, Snoop Doog, Kanye West e Jay-Z.
"Era como atuar com o conteúdo da música", conta Paul. "Depois do disco do De La Soul, muitas pessoas começaram a usar esse recurso." Foi em parte por causa dessa invenção que o trio terminou a parceria com o produtor. "Eles queriam mudar o som, fazer algo menos "infantil", mais sério. Concluímos que o melhor a fazer para continuarmos amigos era não trabalharmos juntos", diz.
Prince Paul, 39, é dos tempos em que o hip hop nem tinha esse nome, na década de 70. "Não o considerávamos um movimento. Saíamos para ver os DJs tocarem nas festas, e eles tinham dois pick-ups, mixers e caras rimando no microfone", lembra. "Cresci no meio disso. Na época, as crianças queriam ser DJs, MCs. Foi assim com toda a vizinhança."
Paul começou a discotecar no final dos anos 1980 como DJ do Steatsasonic, um dos primeiros grupos de rap a tocar com uma banda e fazer o que se chama de "rap consciente". No final da década, iniciou a carreira de produtor com o De La Soul e fez história. Além de fazer o disco de vários rappers, tem quatro CDs solo, "Psychoanalysis" (1997), "Prince Among Thieves" (1999), "Politics of the Business" (2003) e "istTRUmental" (2005).
Dos trabalhos em que está envolvido, o que mais o empolga é o projeto com Bernie Worrell, tecladista das clássicas bandas de funk Parliament e Funkadelic. Os shows aqui, diz ele, terão um pouco disso tudo: "clássicos do hip hop e r&b".

Quase famoso
Com esse currículo, era de se esperar que Paul fosse um produtor superstar como Jay-Z. Mas ele está longe disso, ou melhor, está "entre o "mainstream" e o underground".
"Não faço as coisas para serem um sucesso. O que fiz com o Chris Rock, por exemplo, tinha a intenção de ser divertido, mas acabou ganhando o Grammy. Muitas músicas que produzi, incluindo as do De La Soul, não eram um hit, mas se tornaram. Algumas vezes tive sorte, outras, falhei."
Incrivelmente bem-humorado, inclusive durante a conversa com a Folha, Prince Paul não vê nada de mal no movimento cultural que ajudou a construir ser mais conhecido pelo estereótipo de rapazes com cara de mau e moças gostosonas. "Antes, principalmente nos Estados Unidos, o hip hop era uma coisa de negros e latinos. Hoje, é de todos. Somente pelo fato de ter unido todas as raças foi ótimo."


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