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Estudantes de Minas "atacam"
o domínio do inglês na música
Quarteto de universitários mostra produção não-anglófona em rádio e na TV
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Na acepção histórica, os bárbaros são os povos iletrados em
latim que contribuíram para a
queda do Império Romano, séculos atrás. Pois os quatro universitários da foto ao lado querem "atualizar" esse conceito:
para Hidson Guimarães, 22,
Thiago Vetromille, 21, Tiago
Dias, 22, e Igor Oliveira, 25, os
visigodos, hunos e lombardos
da vez são os cantores e bandas
de latitudes como a América
Latina, o Leste Europeu e o
Oriente Médio, numa cruzada
contra o domínio do inglês nas
rádios, TVs e iPods do mundo.
Idealizadores desse "chamado às armas", os estudantes da
UFMG atualmente batalham
em duas frentes, dividindo-se
entre um programa de rádio
(que pode ser ouvido de seg. a
sex., às 15h15 e à 0h30, no site
www.ufmg.br/online/radio)
e um quadro em uma agenda
cultural eletrônica local. Outra
trincheira será aberta nos próximos dias, com o lançamento
do blog Invasões Bárbaras
(www.invasoresbarbaros.blogspot.com). O próximo alvo são casas noturnas: o quarteto prepara "playlists" para
pôr em rotação os pick-ups dos
itinerantes DJs Bárbaros.
O projeto de garimpagem de
sonoridades em língua que não
a inglesa começou com a idéia
de Vetromille de fazer um programa radiofônico sobre a música japonesa. Na mesma época
(início de 2005), Guimarães e
Dias esboçavam uma atração
com molde parecido. O trio se
juntou, convocou Oliveira e
transformou a varredura musical do globo em projeto de conclusão do curso de comunicação social. "O suporte teórico é
o estudo de cultura e representação, a discussão de conceitos
como mundialização cultural",
explica Oliveira.
No rádio e na TV, músicas e
clipes são precedidos por pílulas que pincelam os ambientes
social, político e econômico do
país de origem das composições. Cada nação tem sua variedade rítmica exibida na vitrine musical por uma semana
(cinco programas).
Arsenal múltiplo
Para garantir que o panorama traçado seja fiel ao que se
ouve na localidade escolhida, o
"arsenal" do quarteto é diversificado. "Acionamos intercambistas brasileiros no exterior e
acessamos salas de bate-papo
para buscar a opinião dos nativos", lista Dias. "Outro recurso
é entrar em sites de rádios online que têm "pop charts" (listas
de músicas mais pedidas)",
completa Vetromille.
Contribui para o trabalho o
fato de Guimarães moderar
uma comunidade virtual de
discussão de idiomas, o que
abre canais em vários países.
Mas o tiro às vezes sai pela culatra. "Quando pesquisei a música da Polônia, falei do discopolo, e eles [interlocutores poloneses] ficaram ofendidos. É um
ritmo brega", lembra.
Na etapa de "prospecção", o
mapa-múndi é assim dividido:
Guimarães cava preciosidades
européias e Vetromille monitora a Ásia, enquanto Oliveira e
Dias se dedicam à América Latina. Sobrevôos pela África estão liberados a todos. O encarregado do país da semana apresenta ao grupo um "top 20",
mais tarde reduzido à metade.
A caravana fez escalas em Lituânia, Uzbequistão, África do
Sul, Coréia do Sul e Índia, entre
outros. "Achamos a Barbra
Streisand israelense, Sarit
Haddad; e o Cansei de Ser Sexy
mexicano, Daniella y su Sonido
Lasser", diz Oliveira.
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