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Em novo disco, Skank reencontra passado pop
"Estandarte" marca volta de Dudu Marote, produtor dos maiores sucessos da banda
Músicas do álbum foram compostas em sessões conjuntas, para "ver o Skank nu e cru", diz o vocalista Samuel Rosa à Folha
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Fanáticos por futebol e bons
jogadores que são -como já demonstraram no "Rock Gol",
campeonato promovido pela
MTV que reúne os craques e os
pernas-de-pau do pop brasileiro-, os integrantes do Skank
sabem que em time que está ganhando não se mexe.
Porém, em 17 anos de carreira, com dez discos lançados,
também aprenderam que mudar o esquema tático é fundamental para surpreender o adversário (a crítica) e fazer a alegria da torcida (os fãs).
Logo na primeira faixa do recém-lançado "Estandarte",
"Pára-Raio", de Samuel Rosa e
Nando Reis, o ataque dos metais, a guitarra funkeada e a letra voluptuosa não deixam dúvidas. O disco novo traz um
Skank mais próximo do ritmo
quente das batidas de matrizes
negras do que das melodias do
pop britânico a que são associados os seus três trabalhos de estúdio anteriores.
"Quando a gente começou a
fazer o álbum, tinha a idéia de
não repetir muito o "Carrossel"
[2006]. Mas era uma preocupação que nem precisávamos ter,
porque na hora em que começamos a tocar e saíram as primeiras coisas, todas eram bem
diferentes do que a gente tinha
feito antes", afirma o guitarrista e vocalista Samuel Rosa.
"Nu e cru"
"Estandarte" foi o primeiro
CD em que Samuel chegou ao
estúdio sem composições
prontas. As músicas foram feitas em sessões conjuntas. As letras entraram depois. A idéia
era "ver o Skank nu e cru".
Rodando nas rádios e circulando na internet, a primeira
música de trabalho confirma
novos rumos para a carreira
dos mineiros, que fazem show
em BH no próximo dia 12 e em
SP e no Rio, em novembro.
Com beats eletrônicos e participação de Negra Li nos vocais, "Ainda Gosto Dela" -outra de Samuel e Nando Reis-
faz jus a uma "tradição bacana
do Skank de ter singles diferentes uns dos outros", diz um Samuel empolgado com a escolha.
"Por que não brincar com essas inúmeras possibilidades, já
que o perfil do fã do Skank não é
propriamente aquele cara "hooligan", que fala: "Mudou? Ah,
não, são diluidores do movimento'? Aliás, já existe um novo tipo de fã, que está sempre
esperando por músicas diferentes", observa ele, lembrando que, quando lançaram "Carrossel", o single "Uma Canção
É pra Isso" foi comparado a
"Vou Deixar", grande sucesso
do disco anterior -"Cosmotron" (2003)-, e houve quem
visse ali um princípio de acomodação que a trajetória da
banda se propõe a negar.
Parceiro antigo
"Estandarte" retoma uma
velha parceria entre Skank e
Dudu Marote, produtor responsável por "Calango" (1994)
e "Samba Poconé" (1996), os
dois discos de maior êxito comercial da carreira dos mineiros -ambos ultrapassaram a
marca de 1 milhão de cópias
vendidas (veja ao lado).
"Ele tem esse raciocínio do
DJ, que é o que faz a coisa ter
um "groove" maior, acelerar",
diz o baixista Lelo Zaneti. A
mão do produtor se faz claramente perceptível em "Chão" e
"Notícias do Submundo", ambas de Samuel e Chico Amaral.
"Para quem pensava que essa
junção de novo com o Dudu
Marote ia dar naquilo que a
gente já tinha feito, não foi isso.
Na minha opinião, o "Estandarte", em termos de levadas eletrônicas, não vai além do que já
foi proposto no "Maquinarama"
[2000]. Também não voltamos
a explorar um terreno de música brasileira que a gente já explorava no "Samba Poconé"
[1996], Cada disco tem a sua
própria história", afirma Samuel Rosa.
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