São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Crítica/"Estandarte"

Mesmo oscilante, grupo merece ser ouvido

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma seqüência de discos de vendas decadentes com vários produtores, o Skank volta a Dudu Marote, o homem com quem a banda chegou ao topo, com "Calango" (1994) e "O Samba Poconé" (1996), duas das obras definitivas do pop rock brasileiro dos anos 90. Os efeitos no novo CD, "Estandarte", são imediatamente notáveis: "Pára-Raio", faixa que abre o nono disco de estúdio do quarteto mineiro, é das canções mais pop que a banda compôs em muito tempo, com a guitarra suingada de Samuel Rosa e os metais do Funk Como Le Gusta ditando o ritmo. É também uma das quatro do disco que Samuel compôs com Nando Reis, um dos parceiros preferenciais -o outro, Chico Amaral, co-assina seis faixas. O talento pop da dobradinha Samuel Rosa/Nando Reis já está provado desde "É uma Partida de Futebol" e, neste "Estandarte", gerou as três músicas mais radiofônicas do disco: "Ainda Gosto Dela" (com participação da cantora Negra Li), a balada romântica acústica "Sutilmente" (que remete à "Resposta", também da dupla) e a já citada "Pára-raio". São três boas canções assobiáveis (quantidade que o Skank ainda não tinha colocado num mesmo disco neste século), mas, ironicamente, o melhor resultado da parceria está na menos acessível das canções, a nervosa "Renascença", um rock em grande estilo. Esse tom mais puxado para a guitarra é a marca das composições com Chico Amaral, que são também mais irregulares: "Escravo", com suas referências orientais, é das mais interessantes do álbum, e "Chão" tem bons riff de guitarra e refrão, mas as demais são inferiores ("Canção Áspera" parece um Bloc Party de segunda, Deus nos livre). Tirando Chico Amaral e Nando Reis, sobram duas faixas no CD, parcerias de Samuel com César Mauricio: "Assim sem Fim", de inclinação eletrônica, e "Noites de um Verão Qualquer", ambas apenas ok. Se ainda estivéssemos na era do CD, "Estandarte", mesmo com sua qualidade oscilante, fatalmente seria um campeão de vendas. Como não estamos, seu retorno financeiro é incerto, mas ele marca, sem dúvida, a volta do Skank a um caminho pop de sucesso. Merece ser ouvido, por suas boas canções.

ESTANDARTE
Artista: Skank
Gravadora: Sony BMG
Quanto: R$ 23, em média
Avaliação: bom



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