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Crítica/"Estandarte"
Mesmo oscilante, grupo merece ser ouvido
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de uma seqüência de discos de vendas
decadentes com vários
produtores, o Skank volta a Dudu Marote, o homem com
quem a banda chegou ao topo,
com "Calango" (1994) e "O
Samba Poconé" (1996), duas
das obras definitivas do pop
rock brasileiro dos anos 90.
Os efeitos no novo CD, "Estandarte", são imediatamente
notáveis: "Pára-Raio", faixa que
abre o nono disco de estúdio do
quarteto mineiro, é das canções
mais pop que a banda compôs
em muito tempo, com a guitarra suingada de Samuel Rosa e
os metais do Funk Como Le
Gusta ditando o ritmo.
É também uma das quatro do
disco que Samuel compôs com
Nando Reis, um dos parceiros
preferenciais -o outro, Chico
Amaral, co-assina seis faixas.
O talento pop da dobradinha
Samuel Rosa/Nando Reis já está provado desde "É uma Partida de Futebol" e, neste "Estandarte", gerou as três músicas
mais radiofônicas do disco:
"Ainda Gosto Dela" (com participação da cantora Negra Li), a
balada romântica acústica "Sutilmente" (que remete à "Resposta", também da dupla) e a já
citada "Pára-raio".
São três boas canções assobiáveis (quantidade que o
Skank ainda não tinha colocado
num mesmo disco neste século), mas, ironicamente, o
melhor resultado da parceria
está na menos acessível das
canções, a nervosa "Renascença", um rock em grande estilo.
Esse tom mais puxado para a
guitarra é a marca das composições com Chico Amaral, que
são também mais irregulares:
"Escravo", com suas referências orientais, é das mais interessantes do álbum, e "Chão"
tem bons riff de guitarra e refrão, mas as demais são inferiores ("Canção Áspera" parece
um Bloc Party de segunda,
Deus nos livre).
Tirando Chico Amaral e
Nando Reis, sobram duas faixas
no CD, parcerias de Samuel
com César Mauricio: "Assim
sem Fim", de inclinação eletrônica, e "Noites de um Verão
Qualquer", ambas apenas ok.
Se ainda estivéssemos na era
do CD, "Estandarte", mesmo
com sua qualidade oscilante,
fatalmente seria um campeão
de vendas. Como não estamos,
seu retorno financeiro é incerto, mas ele marca, sem dúvida, a
volta do Skank a um caminho
pop de sucesso. Merece ser ouvido, por suas boas canções.
ESTANDARTE
Artista: Skank
Gravadora: Sony BMG
Quanto: R$ 23, em média
Avaliação: bom
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