São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011
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CRÍTICA NOVELA Atuação de Ana Beatriz Nogueira e boa direção de Monjardim conduzem trama ROBERTO DE OLIVEIRA DE SÃO PAULO Finalmente, uma personagem de novela à altura do talento de Ana Beatriz Nogueira. Sua Eva é manipuladora, astuciosa. Embalada por uma dose equilibrada de arrogância, é ela quem conduz "A Vida da Gente". De olhar raivoso e esnobe, Eva carrega o ranço da pobreza passada. Vai dar o truque que for preciso para levar adiante a carreira da filha tenista Ana (Fernanda Vasconcellos tenta ser convincente). Mamãe dominadora tem prazer em espinafrar a coitada da Manuela -a outra filha; Marjorie Estiano cada vez mais competente. Eva a considera incapaz, prenúncio para um duelo entre mãe e filha. Ana surpreende a todos ao engravidar de Rodrigo (Rafael Cardoso, rostinho bonito que não decepciona), com quem foi criada. Ele é filho do padrasto delas, Jonas (Paulo Betti, o mesmo de sempre). Quem costura toda a história é Eva. Não é novidade a experiência de Ana Beatriz, mas vale aqui o registro: afinal crianças e adolescentes também costumam se jogar no sofá nesse horário. Urso de Prata por "Vera", de Sérgio Toledo, no Festival de Berlim de 1987, a atriz é veterana também nos palcos. É ela a força maior da nova novela das seis da Globo. As cenas iniciais da primeira semana revelam que a direção, do competente Jayme Monjardim, e a fotografia de Roberto Soares são outras sacadas cruciais do folhetim. É a primeira novela de Lícia Manzo, ancorada em relações afetivas e novas estruturas familiares. Qualquer semelhança com as tramas de Manoel Carlos não é obra do acaso. Só que em "A Vida..." os capítulos ganham um respiro mais dinâmico. Tem um jeitão de novelão das nove. Pudera. Para suceder a vivacidade de "Cordel Encantado", não poderia anestesiar o telespectador. Resta saber se o veneno da enérgica Eva será rejeitado pelo público família.
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