São Paulo, sábado, 02 de novembro de 2002

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26ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

PREMIAÇÃO

"Exílio no Iraque", de Bahman Ghobadi, é o melhor filme segundo o júri; público elege "O Filho da Noiva"

Cineasta iraniano vence pela segunda vez

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao premiar anteontem "Exílio no Iraque" como o melhor filme da 26ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o júri da competição transformou o iraniano Bahman Ghobadi, 33, no primeiro cineasta a vencer duas edições do evento. Seu longa de estréia, "Tempo de Embebedar Cavalos", ganhou a 24ª Mostra.
"Exílio no Iraque" acompanha a trajetória de três músicos de uma mesma família que viajam do Irã ao Iraque, na tentativa de encontrar a ex-mulher do patriarca, que estaria correndo perigo.
Embora ficcional, "Exílio no Iraque" pretende ser um filme-denúncia sobre as condições de vida da população curda no Oriente Médio.
"Acho que com esse material [o cineasta iraniano] Abbas Kiarostami, a quem admiro, faria uns dez filmes. Ele se concentraria em aspectos específicos, como a cena da fabricação de tijolos ou a história de Hanareh [a mulher em busca da qual os músicos partem]", disse Ghobadi à Folha. "Mas minha intenção era fazer um painel capaz de mostrar como vivem os curdos no Iraque", afirmou.

Semelhanças
O terceiro longa-metragem de Ghobadi abordará a situação dos curdos na Turquia. O diretor interrompeu a preparação do filme para participar da Mostra em São Paulo, onde esteve na semana passada.
"Eu não viajaria a parte alguma, mas não resisti a vir, porque amo São Paulo, amo este festival, os cineastas e o povo brasileiro. Acho que as pessoas aqui são muito parecidas com os iranianos -afetuosas e preocupadas com o que realmente importa", disse.
"Exílio no Iraque" e "Jogando Boliche por Columbine" (melhor documentário segundo o público) ainda não têm distribuição acertada no Brasil, de acordo com a assessoria de imprensa da 26ª Mostra.
O israelense "Kedma", de Amos Gitaï (prêmio da crítica para ficção), e o argentino "O Filho da Noiva", de Juan José Campanella (prêmio do público para longa em língua estrangeira), serão lançados pela Europa. O mexicano "Japón", de Carlos Reygadas (menção especial da crítica), terá distribuição pela Pandora Filmes.
Entre os brasileiros premiados, "Madame Satã", de Karim Aïnouz (menção especial do júri para o ator Lázaro Ramos), e "Edifício Master", de Eduardo Coutinho (melhor documentário de acordo com a crítica), têm lançamento previsto para 8 e 22 de novembro, respectivamente.
"Cama de Gato", de Alexandre Stockler (melhor filme brasileiro pelo voto popular), ainda não tem data de estréia definida. "Ônibus 174", de José Padilha (melhor documentário segundo o júri), está em cartaz no Rio e tem previsão de estrear até dezembro em São Paulo e em Belo Horizonte.
Com a competição encerrada, a 26ª Mostra promove sessões extras de alguns de seus 271 longas até o próximo dia 7.


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