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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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27ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP

Programação inclui 12 longas e dá chance de assistir aos melhores filmes de ficção e documentário na opinião dos especialistas

Preferidos da crítica ocupam salas hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

Entre os 12 filmes que a 27ª Mostra BR de Cinema de São Paulo programa para hoje, em três salas, está a trinca de vencedores na escolha da crítica.
"Vai e Vem", filme-testamento do português João César Monteiro, foi premiado pelo júri da crítica como melhor título de ficção desta edição.
Monteiro morreu em fevereiro passado, aos 64 anos, vítima de câncer. É ele o ator/personagem que vai e vem, circulando de ônibus pelas ruas de Lisboa, fazendo reflexões sobre a vida, a morte e o sexo, ao longo das quase três horas de duração do filme.
Também de sua autoria, a Mostra exibe hoje (numa extensão especial da programação, encerrada oficialmente na última quinta) seu título mais conhecido no Brasil, "A Comédia de Deus" (1995), e "Silvestre" (1981).
"Encontros e Desencontros" valeu a Sofia Coppola o prêmio de melhor diretora estreante segundo a crítica. A Mostra classifica como estreante o cineasta que tenha até três longas no currículo.
Filha de Francis Ford Coppola ("O Poderoso Chefão", "Apocalipse Now"), Sofia estreou no formato de longa-metragem com "As Virgens Suicidas" (2000), um filme deplorado pela crítica.
Este seu segundo longa, que acompanha o encontro casual de um casal de estrangeiros em Tóquio, foi exibido no Festival de Veneza, em setembro, e conquistou os especialistas. Sem arrogância, Sofia disse que encara como uma vantagem a chance de produzir uma obra artística sem despertar expectativas positivas no público ou na crítica.
O norte-americano "A Captura dos Friedmans", de Andrew Jarecki, foi eleito pela crítica da Mostra como melhor documentário em longa-metragem. O filme havia obtido prêmio idêntico no Festival de Sundance.
Jarecki reconstitui o processo judicial do qual foi alvo a família Friedman, sob acusação de abuso sexual de crianças. Com sucessivas reviravoltas na apresentação dos fatos e na construção do perfil dos personagens envolvidos, o documentário avizinha o que, na ficção, seria o gênero thriller.
Entre os demais títulos apresentados hoje, há dois representantes do Brasil inéditos nos cinemas e premiados no circuito de festivais -"Narradores de Javé", de Eliane Caffé, que arrebatou nove troféus em Recife, e "De Passagem", de Ricardo Elias, vencedor de cinco Kikitos em Gramado e eleito o melhor longa de ficção brasileiro pelo público desta Mostra.
O filme de Caffé ("Kenoma"), seu segundo longa, trata da disposição dos moradores de um povoado de escrever a história do lugar, para afastar a ameaça de desaparecimento da vila sob as águas de uma represa. O líder da empreitada é interpretado por José Dumont (Antônio Biá).
"De Passagem" conta a infância e (um episódio trágico na) juventude de três moradores da periferia paulistana. Elias, que é também autor do roteiro (com Cláudio Yosida), procura evitar retratar a periferia como local próprio da violência.
A Argentina comparece na programação com "Lugares Comuns" (Adolfo Aristarain). A França tem "O Albergue Espanhol (Cédric Klapisch), e a Irlanda, "Terra dos Sonhos (Jim Sheridan). Do japonês Yoshishige Yoshida, integrante do júri oficial da Mostra e homenageado com uma de suas retrospectivas, será exibido "Eros + Massacre" (1969).



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