São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2005

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País vizinho vê nova geração de atores

DA REPORTAGEM LOCAL

A bela Diana está na casa dos 20, é casada com um homem 30 anos mais velho e aceita a carona de um hóspede da pousada de seu marido até a cidadezinha próxima. Pede que a deixe na igreja.
"Não pensei que você fosse uma pessoa religiosa", ele diz. Com uma frase, ela ao mesmo tempo desvela e o encerra em seu mundo de idéias feitas: "Como é uma pessoa religiosa?".
Estamos no momento de "El Aura", segundo filme do diretor argentino Fabián Bielinsky, em que os protagonistas masculino (Ricardo Darín) e feminino (Dolores Fonzi) têm seu principal encontro -ou desencontro.
Assim como Diana, Fonzi não parece se intimidar diante de Darín, embora não fosse absurdo supor esse efeito. Ele é hoje, aos 48 anos, um astro absoluto do cinema argentino, onde debutou em 1972, com "He Nacido en la Ribera", do italiano Catrano Catrani (1910-1974). Ela, aos 27, é uma estrela em ascensão.
Que os caminhos de ambos tenham se cruzado aqui é uma demonstração de como a cinematografia vizinha tem sabido incorporar rapidamente a nova geração de atores e realizadores a uma produção de filmes crescente, diversa e cada vez mais interessante.
O filme que projetou Fonzi é um eloqüente exemplo disso. "Caja Negra" (2001) foi realizado como um exercício de estudante por Luis Ortega, aos 20 anos. Selecionado para o festival de Mar del Plata, o filme demonstrou que surgia (mais um) novo autor no cinema argentino. O segundo longa de Ortega, "Monobloc" (2005) esteve neste ano no Festival de Toronto, notório farol a iluminar talentos de todo o globo.
Os jovens diretores deste lado da fronteira não estão indiferentes à efervescência que ocorre do lado de lá. Beto Brant ("Crime Delicado") e Ortega costumam trocar impressões sobre seus filmes. Heitor Dhalia ("Nina") desenvolve um projeto a ser filmado no Brasil e na Argentina. Se esse encontro for como o de Darín e Fonzi, não será banal nem esquecível.


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