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"DOGMA"
Secretária de Justiça defende censura à violência
da Reportagem Local
Mesmo não tendo assistido ao
filme "Dogma", a secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, o defende: "Essa proibição
que estão querendo, como no caso de "Je Vous Salue Marie", é muito ideológica, de interpretação".
Sussekind, entretanto, aproveitou o assunto para sugerir que a
censura a filmes ultraviolentos,
como "Clube da Luta", deveria
ser cobrada pela sociedade.
Defensora de direitos da cidadania, especializada em criminologia e uma das criadoras do movimento pacifista Viva Rio, Sussekind, 48, foi nomeada há quatro
meses, pelo ministro José Carlos
Dias, como responsável por uma
das oito secretarias do Ministério
da Justiça.
(IVAN FINOTTI)
Folha - O ministério pode proibir "Dogma"?
Elizabeth Sussekind - Não pode. A possibilidade de o Ministério da Justiça proibir, no caso desse filme ou em qualquer outro, é
zero.
Folha - O máximo que pode fazer é restringir para menores?
Sussekind - É. Mas lembre que
essa classificação que fazemos é
dirigida à área de drogas, sexo e
violência.
Eu penso, quem sabe, em um tipo de norma, de legislação, que
não tivesse nenhum poder sobre
idéias. Que jamais fosse ideológica. Que fosse mais sobre imagens
e sobre as tramas.
Essa exibição de armamentos,
essa propaganda do mais forte, do
mais bem armado, da arma mais
poderosa, eu acho isso nocivo. Digo sinceramente: eu acho isso tudo nocivo.
Folha - O que a senhora acha
que deve ser feito?
Sussekind - Não sou nem de longe uma burocrata e tenho perfeita
consciência que é muito polêmico
quando eu te digo que nós deveríamos apertar mais.
Por exemplo, uso de drogas não
é proibido por lei. Você pode usar
drogas; você não pode é traficar,
portar ou propagandear drogas.
Mas o que é conveniente? Que você se abstenha disso em seu próprio benefício.
Esse é o paralelo que eu poderia
fazer sobre a questão dos enlatados. Eles são meramente comerciais. A cultura que eles transmitem é a cultura da violência.
Folha - Como seria possível
apertar?
Sussekind - Seria a sociedade
cobrar dos órgãos públicos, e estes, junto com ela, cobrarem do
legislativo que houvesse algum
dispositivo legal que permitisse
uma maior ingerência do poder
público sobre o tipo de espetáculo
disponível, especialmente para
uma determinada faixa etária.
Folha - Falando curto e grosso,
seria censura?
Sussekind - Isso, falando curto
e grosso, é censura. Não é censura
política. É uma censura na área de
costumes, de cultura. Que pode
ser dirigida unicamente à questão
das imagens, uma coisa mais moderna, que não tenha jamais a ver
com censura de idéias.
Folha - A senhora proibiria
"Clube da Luta"?
Sussekind - Eu proibiria a exibição desse filme no Brasil. Mas aí é
uma opinião minha como uma
militante, como uma mulher,
uma outra coisa.
No meu cargo como secretária,
em primeiro lugar eu obrigaria os
18 anos. E acho até pouco. Já como pessoa, eu mandaria esse filme de volta, com um recado desaforado.
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