|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cortes começaram em 1908
da Reportagem Local
A Igreja Católica se envolveu
no primeiro e no último caso
de filmes censurados no Brasil.
O primeiro aconteceu em
1908, conforme o pesquisador e
crítico Inimá Simões descreveu
em seu "Roteiro da Intolerância - A Censura Cinematográfica no Brasil" (editoras Senac
São Paulo e Terceiro Nome).
Segundo o livro, o empresário Francisco Serrador havia
aberto a primeira sala fixa de
exibição de São Paulo, o Bijou
Palace, em um galpão alugado
da igreja na avenida São João.
"Nada se projetava sem o
prévio exame dos padres.
Quando o fiscal de batinas considerou uma das fitas imprópria para projeção, por conta
de algumas passagens, Serrador explicou que bastava cortar
aquele trecho", escreve Simões.
Setenta e oito anos depois,
em 1986, foi a vez de "Je Vous
Salue Marie", de Jean-Luc Godard, entrar para a história como o último filme censurado
no Brasil. A censura, determinada pelo presidente José Sarney, aconteceu devido a pressões da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB).
Essa última censura ocorreu
em meio a uma discussão nacional. Isso porque, seis meses
antes, em julho de 85, um conselho -formado por artistas e
por um representante da própria CNBB- havia conseguido liberar as últimas obras interditadas pelo governo. Na cerimônia, o ministro da Justiça
Fernando Lyra declarou: "Está
extinta a censura no Brasil".
Godard provou que não era
bem assim e, em 5 de outubro
de 1988, a Constituição proibiu
a censura.
Semanas depois, foi anunciado o lançamento de "A Última
Tentação de Cristo", de Martin
Scorsese. A igreja pressionou
novamente pela não-exibição,
mas a obra não foi proibida.
Mesmo assim, o então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros,
interditou oito cinemas alegando que as salas tinham "falhas
de segurança".
(IF)
Texto Anterior: Secretária de Justiça defende censura à violência Próximo Texto: Polêmica divide especialistas Índice
|