São Paulo, Quinta-feira, 02 de Dezembro de 1999


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Cortes começaram em 1908

da Reportagem Local

A Igreja Católica se envolveu no primeiro e no último caso de filmes censurados no Brasil.
O primeiro aconteceu em 1908, conforme o pesquisador e crítico Inimá Simões descreveu em seu "Roteiro da Intolerância - A Censura Cinematográfica no Brasil" (editoras Senac São Paulo e Terceiro Nome).
Segundo o livro, o empresário Francisco Serrador havia aberto a primeira sala fixa de exibição de São Paulo, o Bijou Palace, em um galpão alugado da igreja na avenida São João.
"Nada se projetava sem o prévio exame dos padres. Quando o fiscal de batinas considerou uma das fitas imprópria para projeção, por conta de algumas passagens, Serrador explicou que bastava cortar aquele trecho", escreve Simões.
Setenta e oito anos depois, em 1986, foi a vez de "Je Vous Salue Marie", de Jean-Luc Godard, entrar para a história como o último filme censurado no Brasil. A censura, determinada pelo presidente José Sarney, aconteceu devido a pressões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Essa última censura ocorreu em meio a uma discussão nacional. Isso porque, seis meses antes, em julho de 85, um conselho -formado por artistas e por um representante da própria CNBB- havia conseguido liberar as últimas obras interditadas pelo governo. Na cerimônia, o ministro da Justiça Fernando Lyra declarou: "Está extinta a censura no Brasil".
Godard provou que não era bem assim e, em 5 de outubro de 1988, a Constituição proibiu a censura.
Semanas depois, foi anunciado o lançamento de "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorsese. A igreja pressionou novamente pela não-exibição, mas a obra não foi proibida.
Mesmo assim, o então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, interditou oito cinemas alegando que as salas tinham "falhas de segurança". (IF)


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